Voltar
15 de Maio de 2020

Sindicatos precisam estar mais atentos à violência contra a mulher e crianças


Escrito por: Fetquim


Fetquim

“Dizem que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, mas se há violência, isso não é problema do casal, é problema da sociedade”, alerta a secretária da Mulher Trabalhadora da Fetquim, Rosângela Paranhos.

Houve 30% no aumento de denúncias em São Paulo contra a mulher, segundo o Núcleo de Gênero e o Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de SP. “E isso considerando que  a maioria nem consegue denunciar, pois está confinada com o agressor”, observa a secretária.

Em março foram decretadas 2.500 medidas protetivas (aquelas que visam garantir a segurança de mulheres espancadas e ameaçadas de morte). Em fevereiro foram 1.934.

Além disso, em pouco mais de um mês, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos recebeu 1348 denúncias que tiveram crianças como vítimas de violência.

Mesmo antes da existência da Covid-19, observa Rosângela, a violência doméstica já figurava como uma das maiores violações dos direitos humanos do mundo. Agora, a violência doméstica durante a quarentena se agrava não só no Brasil, como em diversos países do mundo.

Proximidade com o agressor

Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, cerca de 24% das vítimas convivem com o agressor, 34% dependem dele economicamente e 31% das entrevistadas afirmaram não ter feito nada em relação a última violência sofrida.

Também foi verificado em São Paulo o aumento no número de prisões em flagrante por violência doméstica. Em fevereiro foram registradas 177 prisões, já em março foram 268 flagrantes com prisão.

 “Houve o caso que apareceu na mídia daquela mulher que estava em cárcere privado e só saiu de casa para ir na Caixa sacar o auxílio emergencial de R$ 600, com o marido a tiracolo. Na hora ele não pode entrar no banco pois não estava de máscara, ela entrou e então gritou pedindo socorro aos guardas”, relembra.

Segundo Rosângela, é importante “que os sindicatos, movimentos sociais e asa pessoas em geral estejam atenta a qualquer sinal de violência contra a mulher, temos que nos colocar à disposição e ajudar”.

Ajuda sem julgamento

Uma dica da secretária para lidar com o problema é amparar as vítimas.“Importante a gente não julgar essas pessoas que estão sofrendo com a  violência dentro de casa. Não é fácil quebrar esse ciclo de violência, não podemos gerar um discurso que deixe a mulher culpada, e muito menos as crianças, assim como os agressores normalmente já fazem”, alerta a secretária.

“É fundamental que a mulher se sinta amparada por um grupo na hora de ir à delegacia, denunciar, pedir medidas protetivas. Quarentena é para salvar vidas. Não para apanhar em casa. Denuncie no Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher), Disque 100 (Ouvidoria de Direitos Humanos) ou em casos graves no 190 da Polícia Militar!”, diz Rosângela.