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27 de Setembro de 2018

Greve geral trava a Argentina e tensiona governo Macri


Escrito por: Agências


Agências

Os trabalhadores e trabalhadoras argentinos realizaram uma greve geral na última terça (25/09) contra a escalada de demissões – desemprego que subiu de 8,7% em 2017 para 9,6% entre abril e junho deste ano -, política de ajustes, a volta das discussões da reforma trabalhista fatiada, com proposta de flexiblização dos contratos e a retirada dos subsídios das principais tarifas previstas no novo Orçamento enviado ao Congresso semana passada.

O Orçamento propõe o déficit zero exigido pelo FMI, o que significa mais cortes nos gastos sociais e mais empobrecimento da população. Mas, a aprovação da proposta depende do Congresso, onde o governo não tem maioria e os parlamentares estão de olho na eleição presidencial do ano que vem.

A greve geral contra as políticas econômicas recessivas do governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi considerada “um sucesso” pelo dirigente da Confederação Geral do Trabalho de Argentina (CGT) Juan Carlos Schmid.

Ele denunciou o "fracasso evidente" de Macri nas áreas econômica, social e política e destacou que o governo "está agindo em um país desigual, cada vez mais desigual". A paralisação afetou serviços de transporte, aeroportos, escolas, indústrias, bancos e coleta de lixo e os trabalhadores prometeram que “não haverá trégua" se o mandatário não apresentar um “plano B”.

FMI

O movimento ocorreu no mesmo dia em que Macri foi discursar na 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, onde também se reuniu com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. O objetivo é renegociar o empréstimo já acertado de US$ 50 bilhões (R$ 204,5 bilhões) por um valor ainda maior.

Do total negociado com o FMI, US$ 15 bilhões já foram utilizados para conter a corrida cambial de maio. O resto seria liberado a cada três meses, sempre e quando a Argentina cumprisse as metas acordadas – e que agora estão sendo revistas. Ele também busca passar a mensagem de que o país não vai decretar moratória da dívida externa, como em 2001.

Greve chegou a 85% das cidades

O movimento paralisou cerca de 85% das atividades nas cidades, apesar de governadores aliados de Macri tentarem desmerecer a paralisação. O serviço de Metrô de Buenos Aires ficou paralisado desde às 20h do dia 24. Além disso, houve mobilizações em vários locais, com destaque para a cidade de Mendoza, onde 20 mil argentinos protestaram em frente a sede do governo local.

“Vamos mostrar ao mundo a foto de um país que diz não. Não ao FMI.  Não ao orçamento do FMI. E não às demissões”, disse o deputado e líder da CTA Hugo Yasky, no ato de encerramento da manifestação em frente ao palácio presidencial.

O presidente do Banco Central da Argentina (BCRA), Luis Caputo, pediu demissão do cargo, alegando motivos pessoais. O economista deixa a função após três meses de trabalho. Ele é o quarto dirigente do a renunciar em quatro meses.