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03 de Dezembro de 2018

Gilmar Mauro, do MST, parabeniza entidades que apoiaram o 1º Festival de Agroecologia e Agroturismo do Leste Paulista


Escrito por: Fetquim


Fetquim

“Não dá para separar luta sindical de luta econômica e política se queremos ter outros paradigmas de sociedade”. “Falar de agroecologia e novos paradigmas de produção é falar desta lógica econômica destrutiva capitalista que só produz prejuízos ambientais e sociais. Temos que plantar, no agir aqui e agora, para colher no futuro”, alertou Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante o 1º Festival de Agroecologia e Agroturismo do Leste Paulista, que aconteceu nos dias 1º e 2 de dezembro, no Cefol, em Campinas.  

O dirigente do MST parabenizou a iniciativa por meio do Sindicato dos Químicos Unificados, em parceria com a Rede Livres Produtos do Bem, a Associação de Agricultura Natural de Campinas e região (ANC), a Intersindical Central da Classe Trabalhadora e a Fetquim/CUT, entre outras entidades, por sua visão de futuro e conscientização que envolve a cadeia alimentar e os grandes conglomerados econômicos.

“A mesma empresa que produz agrotóxicos é a mesma que produz remédios, como, por exemplo, a Bayer. Os pequenos agricultores estão fazendo uma grande revolução de consciência, sem prejuízo para a natureza. A biodiversidade é que dá equilíbrio no sistema, segurança alimentar, recuperação de solo, conservação da água”, lembrou.

Concentração de terras

Gilmar Mauro citou os dados do último Censo Agropecuário de 2017 do IBGE. São 4.128.628 propriedades de terras de 0 a 50 hectares no Brasil, que constituem 83,3% das propriedades rurais. Acima de 50 hectares são 12,8% das terras e acima de 10 mil hectares existem apenas 2400 propriedades que equivalem a apenas 0,04% das propriedades (que juntas somam nada menos que 51,8 milhões de hectares).

“Esta é a distância e concentração brutal das propriedades de terras no Brasil  a maior parte das terras agricultáveis no Brasil vão para as vacas, 170 milhões de cabeças de gado, que ocupam 180 milhões de hectares”, disse o dirigente do MST.

“Nossa filosofia: para nós terra é patrimônio da humanidade, não deveria ser mercadoria. Por isso defendemos que não haja titulação definitiva dos assentados. Não se deve pagar pela terra, mas também não se deve vender, só se vende o que cultivar e for fruto do seu trabalho. Semente é patrimônio da humanidade, temos que preservar. Água é patrimônio da humanidade. Esta agricultura que está aí, do agronegócio, só mata, polui, explora, não é sustentável”.

O Brasil planta em 63 milhões de hectares, mais de 34 milhões são de plantio de soja. O montante de terras agricultáveis no Brasil é de soja transgênica, para vacas e alimentação humana, 16 milhões de hectares vão para o milho, também transgênico.

Perseguição política

Sobre o endurecimento da lei antiterrorismo, Gilmar Mauro comentou: “A questão essencial não é a caça aos movimentos sociais, aos comunistas. É a venda de estatais, de nossa soberania nacional, é a questão econômica que está por trás. Nós nascemos na ditadura, enfrentamos Collor, FHC e vamos enfrentar mais este governo que vem. Pode ser um bom momento para resolver uma série de equívocos no mundo e construir novas formas de luta, estratégias, formação e politização. Estamos no meio da tempestade e muitos galhos, muitas árvores com cupins vão cair. O Provérbio chinês diz que quem tem raízes não teme as tempestades, acolhe os ventos, faz as podas necessárias no inverno para que na primavera floresça e produza muitos frutos”.