Voltar
23 de Agosto de 2017

Brasil está próximo de ter “risco extremo” de trabalho escravo, segundo revista exame


Escrito por: Exame


Exame

O Brasil é o país da América Latina e Central onde os negócios correm mais risco de serem envolvidos em trabalho escravo. Os números são da Verisk Maplecroft, uma consultoria britânica de estratégia e risco corporativo. Segundo o levantamento, 60% dos países pesquisados tem risco “alto” ou “extremo”.

De 198 países, estamos na 33ª pior posição, e uma ligeira piora em relação ao ano anterior aproxima o país da categoria de “risco extremo”.

O relatório não tem como objetivo calcular a prevalência de escravidão e sim apontar o risco de que um negócio use trabalhadores nessas condições em seus serviços de suporte e redes de fornecimento.

O problema é maior em alguns setores rurais, como silvicultura e produção de carvão vegetal, além de outros como mineração de pequena escala, construção civil e fabricação de têxteis. Por dentro do assunto: A exploração de minérios traz algum prejuízo ao planeta?

O cálculo de risco feito pela Verisk é composto de 33 indicadores em três estágios: estrutura (tratados e leis assinados), processo (inspeções e punições) e resultado (nível de escravidão verificado).

“Na comparação com outras economias da região, o Brasil vai melhor do que o Uruguai, por exemplo, na qualidade da legislação sobre o assunto, mas vai significativamente pior do que o México no resultado final, que é o que pesa mais”, diz Jimena Blanco, chefe da consultoria para pesquisa sobre as Américas.

Amenizar o problema, segundo ela, passa por aumentar recursos e pessoal para permitir que as inspeções sejam mais frequentes e efetivas, além de menos vulneráveis à corrupção.

“O que precisa mudar no Brasil é a alocação de recursos. As punições econômicas que o Brasil já faz, como o banimento de empresas, parecem não estar sendo suficientes”, diz ela.

Uma das medidas que ela cita, a lista pública de empresas autuadas pelo governo por submeter seus empregados a condições análogas à escravidão, foi motivo de polêmica recentemente.

O governo só voltou a publicar a lista em março depois de quase três anos sem atualização e só após uma intensa disputa judicial com o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Siddharth Kara, um dos principais especialistas do mundo em tráfico de pessoas e escravidão, também destacou a importância de punições econômicas claras. “Atualmente o negócio da escravidão tem baixo risco e altos lucros, então tornar esse um negócio mais arriscado e custoso é o que terá mais impacto no curto prazo”.

Migração e escravidão

Os 10 primeiros países no ranking da Verisk são, na ordem, Coreia do Norte, Síria, Sudão do Sul, Iêmen, República Democrática do Congo, Sudão, Irã, Líbia, Eritreia e Turcomenistão.

Leia a reportagem na íntegra aqui.