“Precisamos passar da evolução do mapa de risco em uma empresa química para o mapa de conhecimento dos processos de produção e entrada de matéria-prima, de onde vêm os produtos, qual o país, quais os riscos e danos aos trabalhadores, saber como o trabalho é realizado e organizado, levando em consideração o tempo e o tipo de movimento executado. Aí a gente começa a capacitar a categoria para intervir politicamente”, resume o assessor de saúde e segurança do trabalho do Sindicato dos Químicos de SP, Domingos Lino.
Wanderley Codo, doutor em psicologia social e professor titular da Universidade de Brasília (UnB), defende a necessidade de se fazer um diagnóstico para saber de que estão adoecendo os trabalhadores e trabalhadoras de empresas de tintas, petróleo, plásticos, farmacêuticas, entre outras do ramo químico.
Para tanto, Wanderley propõe um diagnóstico censitário, ou seja, de todos os trabalhadores envolvidos para restabelecer o nexo entre a doença e a origem. Como, por exemplo, mapear casos de câncer que podem aparecer anos depois da exposição contínua a determinadas substâncias e transtornos de ordem mental, que na maioria das vezes são classificados como “esquisitices”.
“Vamos encontrar problemas diferentes de acordo com as regiões. É uma categoria enorme, complexa, e com um diferencial: o envenenamento”.
O secretário de Saúde da Fetquim , André Henrique Alves, que organizou o Seminário sobre Saúde e Condições de Trabalho que a federação realizou nos dias 1° e 2 de dezembro, em Campinas, e que trouxe tais especialistas para o debate, comemora a constatação da necessidade de fazer um mapeamento dos processos produtivos, substâncias perigosas e adoecimentos e problemas de saúde mental que atingem trabalhadores e trabalhadoras do ramo químico.
Remigio Todeschini, assessor da Fetquim na área de Saúde do Trabalhador e Previdência, chama a atenção para a importância de se reforçar o trabalho da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), das comissões de representação dos trabalhadores, comissão de fábrica e Sistema Único de Representação (SUR) no mapeamento dos processos e no aprofundamento da pesquisa sobre os adoecimentos entre os químicos.
A UnB tem um projeto, a ser apresentado em 2018 junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, para que se utilizem os recursos da indenização da Shell/Basf para que seja feito este levantamento sobre a saúde e questões de adoecimento junto aos químicos.
Para saber mais sobre outros pontos abordados durante o Seminário sobre Saúde e Condições de Trabalho da Fetquim clique acima dos assuntos de interesse:
- Detalhamento do caso Shell/Basf
- Doenças mentais no local de trabalho