“Crianças pretas até hoje pedem para ser brancas. A bala perdida nunca encontra os filhos dos brancos. Reparou? É justo uma criança negra sonhar em ser branca?”. Estas e outras palavras foram recitadas pelas poetisas de slam Patricia Meira e Deusa Poetisa, que abrilhantaram o Seminário Questões Raciais no Trabalho e na Sociedade, promovido pela Fetquim na última quinta-feira (30/11).
Por meio da arte e da dramaturgia, elas aprofundaram o debate sobre a questão racial. “Posso pegar um pouco do seu cabelo pra usar como Bombril?”, é uma entre tantas ofensas que os negros ouvem todos os dias, nas ruas, local de trabalho, em família...
Em uma série de esquetes rápidas, as atrizes e poetisas conseguiram transmitir como é duro crescer sem referências que valorizem os negros na cultura e na mídia, sob intensa agressividade, maldade, opressão e preconceito.
"O seminário superou as expectativas, será o primeiro de muitos. As propostas que saíram serão sistematizadas para que a gente tenha ações concretas na Fetquim. Tivemos a participação de todos os sindicatos filiados, alguns estudantes, da Rosana Aparecida da Silva (secretária de Combate ao Racismo da CUT), da Rosangela Paranhos (Intersindical e secretária da Mulher Trabalhadora da Fetquim), do Felipe Oliveira Campos (Museu Afro) e das atrizes e poetisas de slam que fizeram um retrato fiel e emocionante do que significa ser negro no Brasil", comenta a secretária de Políticas Sociais da Fetquim, Danielle de Cássia Franco.
Felipe Campos (Museu Afro) deu uma aula de história do movimento negro unificado que surge como contraponto direto ao mito de democracia racial.
“Tenho que tirar o chapéu, em toda a minha vida sindical foi a melhor atividade de todos os tempos relacionada à discriminação racial, parabéns Dani pela coordenação e a Fetquim pela atividade. Quem não veio perdeu um momento único de reflexão”, resumiu o secretário-geral do Sindicato dos Químicos do ABC, Ronaldo de Oliveira.
A secretária de Combate ao Racismo da CUT, Rosana Aparecida da Silva, elogiou a iniciativa. “É importante essa transversalidade dos temas, essa discussão nos sindicatos, federações e associações”.
Todas as propostas do debate foram compiladas e servirão de base para um trabalho especial da Fetquim sobre as questões raciais no local de trabalho em 2018.