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03 de Maio de 2019

Seminário da Fetquim:  Protesto na defesa da saúde dos trabalhadores frente às contaminações, acidentes maiores e agrotóxicos


Escrito por: Fetquim


Fetquim

O Seminário Acidentes Maiores e Agrotóxicos realizado pela Fetquim, no último dia 26 de abril com apoio do Sindicato dos Químicos de SP, foi marcado por um protesto frente ao conjunto de medidas anti-trabalhadores  - como a ampliação da reforma trabalhista e "deforma" da Previdência - levadas a cabo pelo governo caótico e as milícias digitais de fake news de Bolsonaro.

A mesa inicial do Seminário, coordenada pelo Secretário de Saúde, André Alves, contou com a presença de Airton Cano, coordenador político da Fetquim; João Donizete Scaboli , coordenador do departamento de saúde da Fequimfar; Hélio Rodrigues de Andrade, coordenador do Sindicato dos Quimicos de SP; além de Alex Fonseca, secretário de Saúde e Meio Ambiente do Sindicato dos Químicos de SP.

Airton Cano ressaltou “ a importância da luta permanente em defesa da saúde dos trabalhadores frente ao ataque sistemático do atual governo aos direitos dos trabalhadores”.

Mesas

Na primeira mesa de debate houve a apresentação do hediondo crime de Brumadinho da Vale do Rio Doce. O Auditor Fiscal do Trabalho de MG, Marcos Botelho, que acompanhou a fiscalização do acidente, apresentou os principais motivos de desleixo alarmante e não cumprimento de normas que grou o acidente. Ele informou que além das 220 mortes, sendo em sua maioria trabalhadores da Mina de Brumadinho, ocorreram  132 registros de acidentes graves, sendo estes últimos não noticiados pela imprensa.  

Foi o maior acidente de trabalho da história do Brasil que em poucos segundos vitimou criminosamente trabalhadores. Pior, com a anuência da alta direção, de forma desordenada e sem projeto técnico, a empresa construiu uma barragem com mais de 900 metros de altura em cima da lama, o cenário perfeito para que a tragédia ocorresse. Houve, após a apresentação,  uma dezena de intervenções dos presentes buscando esclarecimentos do ocorrido com o rompimento da barragem e a necessidade da luta em defesa da saúde. 

Na sequência, foi lido documento de Wellington Cabral, secretário de Meio Ambiente da Fetquim, que reforçou a denúncia de que: “esse crime já estava anunciado desde a privatização criminosa da Vale do Rio Doce, que priorizou o lucro dos acionistas em vez de defender a saúde dos trabalhadores”. 

Protesto

André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, organizou o protesto in memorian, com dezenas de velas acesas no evento, ao lado do secretário de Saúde dos Químicos de SP, Alex Fonseca, denunciando a morte de todos os trabalhadores que ocorrem no Brasil e no mundo em diversas atividades laborativas, principalmente aquela de Brumadinho em Minas Gerais.

“ A luta e a resistência dos trabalhadores frente a todas as mortes é essencial para a defesa permanente da saúde”. lembrou Alves.

Ainda da parte da manhã, o presidente da Associação dos Trabalhadores Contaminados pela SHELL/BASF, Antonio Tavares, rememorou a luta contra a contaminação por agrotóxicos  em Paulínia, quando houve o fechamento da Fábrica SHELL/BASF que contaminou trabalhadores e a população do entorno.

Tavares apresentou os depoimentos de sofrimento dos trabalhadores e população de sitiantes que foram atingidos, além de rememorar a vitória dos trabalhadores do Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas/Osasco junto ao Tribunal Superior do Trabalho de indenizações aos trabalhadores e financiamento de pesquisas e medidas de proteção aos contaminados.


À tarde, a mesa foi coordenada pelo Secretário de Saúde dos Químicos de SP, Alex Fonseca, e teve como primeira exposição a pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura de São Paulo, Soraia de Fátima Ramos, que apresentou a geografia da produção agrícola do agronegócio em São Paulo , alicerçada no modelo de utilização massiva de agrotóxicos.

A pesquisadora conclui a sua apresentação afirmando que a saída para a defesa da saúde dos trabalhadores e da população consumidora seria fazer uma aliança entre a agricultura familiar e os trabalhadores para que se ampliem políticas públicas de produção agroecológica (orgânica com justiça social) e que se incentive a produção de bioquímicos na agricultura sem toxicidade.

Domingos Lino, especialista em Saúde e Segurança do Trabalho, assessor dos Químicos de São Paulo, apresentou o panorama da toxicidade cancerígena ( causa de epidemia de câncer) dos agrotóxicos no Brasil e a brutal contaminação de hortaliças, legumes e frutas hoje no País. E a partir de dados da Abrasco afirmou: “Sete é o número aproximado de litros de veneno que cada brasileiro consome por ano”.

Entre as medidas de proteção que devem ocorrer, Lino, reforçou “ a necessidade de restringir a liberação de agrotóxicos pelo governo, que está em direção justamente contrária, reforçando o uso de venenos”.

Remígio Todeschini, pesquisador da UNB e assessor da Fetquim,  apresentou o triste número brutal e alarmante de suicídios e doenças mentais em decorrência da manipulação de agrotóxicos que aflige principalmente agricultores.  Mostrou os dados da Prof.a Larissa Bombardi, dizendo que “ as principais causas de mortes por agrotóxicos são suicídios e estão mais presentes nos estados de Pernanbuco, Ceará, Espírito Santo, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.”

Todeschini ressaltou a necessidade de aprofundar estudos e pesquisas sobre saúde mental e contaminações em geral na categoria química como um todo. 

O Seminário Acidentes Maiores e Agrotóxicos serviu de alerta geral, segundo o Secretário de  Saúde da Fetquim, André Alves.  “ Estamos frente a inúmeros desafios para preservar a vida dos trabalhadores  e preservar a qualidade de vida de toda a população”.