Se mulheres e homens tivessem o mesmo salário e igual papel no mercado de trabalho, o PIB mundial cresceria 26%. A estimativa, da Organização Mundial do Trabalho (OIT), está sendo usada como mote para promover a igualdade de gênero em empresas, segundo reportagem do jornal O Globo, publicada no último dia 29/08/18. Batizado de “ganha ganha”, ou “win win”, em inglês, o programa é liderado pela ONU Mulheres em parceria com a OIT e União Européia e pode ter impacto no Brasil.
" O Brasil é ainda um país muito machista e racista e o motor da mudança será o setor privado", afirma Carlo Pereira, secretário executivo da Rede Brasil do Pacto Global, durante evento da ONU Mulheres em São Paulo
Luiza de Carvalho, diretora da ONU Mulheres para as Américas e Caribe, também acredita que o setor privado deve liderar as mudanças sociais.
O desafio de promover a igualdade de gênero não é exclusivo do Brasil. Na União Europeia, 44% das mulheres com idade entre 30 e 44 anos têm diploma universitário. Entre os homens o percentual é menor, de 34%, mas mesmo assim elas seguem subrepresentadas nos cargos de direção e com salários menores do que o dos homens que exercem a mesma função.
"É um absurdo. Estamos em 2018. Já colocamos gente no espaço e ainda estamos falando de igualdade de gênero no trabalho", diz João Cravinho, embaixador da Delegação da União Europeia no Brasil.
Segundo Cravinho, 44% dos europeus ainda acham que cabe às mulheres os cuidados com a família e a casa e em um terço dos países da Comunidade Europeia esse percentual é ainda maior, de 70%. "Também temos um longo caminho a percorrer", admite.
Martin Hahn, diretor da OIT no Brasil, garante que existe hoje, por parte das empresas, interesse de colocar em prática a igualdade de gênero:
" As mulheres não são apenas trabalhadoras. São consumidoras. E o conceito de empresa sustentável é hoje muito próximo ao do trabalho decente", explica.
A prévia de um estudo que será lançado pela OIT apenas em 2019 dá indícios de que as empresas podem ganhar com a adoção de programas de igualdade de gênero. Elas relatam ter conseguido melhorar seus produtos e atuar com mais criatividade no mercado, além terem se tornado mais hábil para atrair o interesse dos consumidores.
A despeito dos ganhos promissores para as empresas, as mulheres ainda são minoria em cargos de direção. A pesquisa Insper/Talenses, feita em parceria com a Aliança Para o Emponderamento das Mulheres, feita com 920 empresas no país, mostra que as mulheres seguem em minoria nos cargos de liderança. Ocupam apenas 18% dos postos de presidente, 25 % dos cargos de diretoria, 19% entre vices-presidentes e 13% entre conselheiros de empresas.