Houve mudança grande no panorama de saúde do trabalhador no mundo inteiro com relação à saúde e a saúde mental, a partir da informática, implantação de novas tecnologias e da divisão internacional do trabalho. “Saímos dos problemas de saúde de ordem física e fomos para os problemas de saúde de ordem mental”, diz o professor Wanderley Codo, doutor em psicologia social e professor titular da Universidade de Brasília (UnB).
Durante o Seminário sobre Saúde e Condições de Trabalho, que a Fetquim realizou nos dias 1 e 2 de dezembro, em Campinas, o professor mostrou que “a ciência e a sociedade não avançaram na medida em que avançou o mundo do trabalho” e que houve um deslocamento dos transtornos de ordem física para os de ordem mental.
“Antes o torneiro mecânico era ele e a máquina num trabalho manual e de risco, hoje ele fica na frente de um computador, inserindo as medidas, senhas num determinado tempo. O torneiro mecânico hoje não perde mais o dedo, mas perde a cabeça”.
Wanderley afirma ser urgente mapear boa parte dos componentes químicos que estão afetando a saúde e a saúde mental dos químicos.
Durante o debate, diversos químicos presentes relataram casos de comportamentos paranoicos entre seus colegas de trabalho, tais como delírios, manias, ideias obsessivas, e comportamentos estranhos que nunca foram considerados como problemas de saúde de ordem mental.
Para o secretário de Saúde, Trabalho e Meio Ambiente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Sergio, o seminário foi excelente em conteúdo e participação. “A palestra do Dr. Wanderley durante o Seminário sobre Saúde e Condições de Trabalho denunciou que os problemas mentais só aumentam e também mostrou a necessidade de um projeto de pesquisa junto ao Ministério Público do Trabalho para entender todas as questões relacionadas à saúde mental”, completou.