De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE), o ano de 2016 mantem uma trajetória negativa no saldo de movimentação de emprego, isto é, as demissões superaram as admissões no período. No Brasil, foram fechados mais de 1,3 milhão de postos de trabalho e no estado de São Paulo o saldo negativo foi de pouco mais de 395 mil postos.
Em termos setoriais, os dados mostram que a redução no estoque de emprego foi bastante acentuada na Indústria de Transformação, sendo fechados 322.526 mil postos de trabalho no Brasil e 115.679 postos no estado paulista. As sucessivas quedas no produto interno bruto que caracterizam recessão econômica somado com a crise política aprofundada com o golpe que destitui a presidenta Dilma Rousseff eleita de maneira legítima têm impactado o nível de emprego e no setor químico não é diferente.
Em 2016, os setores representados pela FETQUIM fecharam no estado de São Paulo 4.676 postos de emprego formal. O gráfico abaixo apresenta a evolução da movimentação de emprego durante todo o ano.
Movimentação do Emprego no Ramo Químico no Estado de São Paulo, jan-16 a dez-16
Tabela 1: Movimentação de emprego na Indústria Química do estado de São Paulo por setor, 2016
Setor / Atividade |
Admissão |
Desligamento |
Saldo |
Adubos e Fertilizantes |
1.935 |
1.691 |
244 |
Defensivo Agrícola |
982 |
873 |
109 |
Farmacêutico |
9.486 |
9.585 |
-99 |
Hig. Pessoal , Perf. E Cosméticos |
6.072 |
6.257 |
-185 |
Plástico |
36.097 |
39.865 |
-3.768 |
Químicos para fins industriais |
9.410 |
10.072 |
-662 |
Tintas e Vernizes |
2.591 |
2.906 |
-315 |
Total |
66.573 |
71.249 |
-4.676 |
Fonte: CAGED/MTE. Elaboração: Dieese – Subseção CNQ/FETQUIM
* Inclui declarações fora do prazo
O saldo negativo foi resultado de 66.573 admissões contra 71.249 demissões ao longo dos 12 meses do ano. Percebe-se, no entanto, que nos meses de janeiro, agosto, setembro e outubro as admissões superaram as demissões e foram criados 2.744 postos de trabalho. Saldo este incapaz de compensar s grandes perdas ocorridas nos meses de fevereiro (- 1.305 postos), novembro (- 1.373 postos) e dezembro (-3.278 postos).
Analisando os dados dos setores representados pela Federação é possível verificar que, de maneira geral, o fechamento nos postos de trabalho foi generalizado, exceto na fabricação de adubos e fertilizantes e fabricação de defensivos agrícolas (agrotóxicos), setores mais ligados ao agronegócio que tem alcançado melhores resultados na economia brasileira e também sido alvo de beneficies do governo.
O setor de transformados plásticos sofreu a maior queda no estoque de emprego, foram fechadas 3.768 vagas. Importante destacar que tal setor tem sido impactado pelo mal desempenho da indústria automotiva e indústria de construção civil, além disso é caracterizado por ser mais intensivo em trabalho, assim, é compreensível o número mais elevado. Destaque também para o setor farmacêutico que pela primeira vez em dez anos apresentou queda no estoque de emprego com o fechamento de 99 postos de emprego.
De qualquer forma, o fechamento nos postos de trabalho na indústria química paulista em 2016 foi bastante inferior a queda ocorrida no ano anterior, fechamento de mais de 16 mil postos em 2015, o que pode significar uma tendência de arrefecimento na redução de empregos no setor. Bem sabemos, porém, que muitas demissões geraram sobrecarga para os trabalhadores que permaneceram e o dito “ajuste no mercado de trabalho” realizado pelas empresas tem achatado os salários através do processo de rotatividade. Outra questão que merece atenção é que o saldo negativo tem ocorrido de maneira mais sistemática em cidades da região metropolitana e, por outro lado, os saldos positivos são mais comuns no interior do estado.