A Abiquim apresentou, na manhã desta sexta-feira (29/07), junto aos representantes dos trabalhadores que compõe a FETQUIM, um panorama do peso da indústria química paulista para São Paulo e para o Brasil ao então candidato ao governo de SP, Fernando Haddad (PT), destacando os principais desafios e o potencial de geração de renda e empregos no setor.
Palo Galo, economista da FGV, explicou que a indústria química é a única verdadeiramente complexa e com alta capilaridade no setor produtivo. “A química é onde tem inovação, uma das mais competitivas do mundo e tem a vantagem de já possuir um parque industrial instalado”.
A indústria química brasileira gera 2 milhões de empregos diretos e indiretos, é responsável por 11% do PIB industrial, tem um faturamento líquido de US$ 142,6 bilhões e é a primeira em arrecadação de tributos federais.
Airton Cano, coordenador da FETQUIM, lembrou que a mão de obra química é altamente qualificada, especializada em tecnologia de ponta e que os salários são em média três vezes maiores.
Apesar do Brasil ser a sexta indústria química do mundo, com potencial de chegar a quarta colocação, o país não representa nada em termos de exportações para o setor por conta dos custos com energia, impostos e insumos importados.
Os representantes das indústrias explicaram a Haddad os motivos para as importações no setor já estarem na casa dos 46%, mesmo num país com ampla oferta de gás natural e recursos naturais renováveis.
Os insumos importados da Ásia, por exemplo, estão entrando no Brasil por Santa Catarina, e por conta de uma resolução do Senado Federal pagam apenas 2% de ICMS.
Haddad ficou impressionado ao ouvir que o gás natural do pré-sal seja tão importante para a indústria química quanto a nafta, e que ele esteja sendo reinjetado nas reservas brasileiras por falta de gasodutos.
O candidato a governador também ficou indignado ao tomar conhecimento das práticas de dumping no mercado químico, já comprovadas e chanceladas pela OMC (Organização Mundial do Comércio), mas completamente ignoradas pelo atual governo.
Como professor que é, ávido por aprender, Haddad quis entender melhor os processos químicos e se surpreendeu ao tomar conhecimento de tantas descobertas e inovações desenvolvidas do Brasil para o mundo como os bioprodutos, a possibilidade de transformar o plástico novamente em molécula reaproveitável, a nafta verde e o hidrogênio verde bem como a fabricação de polímeros superespeciais para a indústria aeroespacial.
Saneamento
Os representantes das empresas também enfatizaram a importância que a indústria química possui para o saneamento básico no Brasil, a partir do aumento da produção de PVC e a implantação de novas fábricas de cloro-soda (para a limpeza da água). O potencial econômico do novo marco regulatório do saneamento no Brasil supera R$ 1,1 trilhão, com impactos sociais e ambientais imensuráveis.
Empregos
Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, deixou claro que os trabalhadores ali representados estão abertos para discutir questões como redução de ICMS e investimentos, mas enfatizou: "Queremos contrapartidas, geração de emprego, queremos dicutir inovação, indústria 4.0 e a garantia de postos de trabalho efetivos nas empresas".
Deusdete Virgens, representando o Sindicato dos Químicos de SP, disse ter certeza de que Haddad como governador irá avançar na questão da indústria química no estado de São Paulo e na geração de empregos.