Na Basf, a indústria 4.0 já é realidade em países como Suíça, Alemanha, Estados Unidos e Japão. O super computador Quriosity é o 65º dentre os mais rápidos big data do mundo, capaz de parar a produção da planta de determinado país ao identificar um risco, calcular a estrutura mais promissora para um polímero, gerenciar a entrada, saída e compra de matérias-primas, entre outras funções. Drones já fazem o controle dos inventários, monitoram tudo, inclusive as pessoas.
“Nos países em desenvolvimento a propagação da indústria 4.0 está em nível baixo, mas devemos nos lembrar da velocidade de expansão das novas tecnologias”, afirma Kemal Özkan, secretário-geral adjunto de IndustriALL Global Union.
Segundo ele, a nova revolução industrial em curso muda completamente a distribuição dos empregos, dos papeis sociais em diferentes países e da organização sindical. “Não é uma discussão filosófica, é uma realidade que está acontecendo mesmo, quantos de nós, sindicalistas, estamos discutindo isso?”, alerta.
Um estudo da Universidade de Oxford afirma que 47% dos trabalhadores da América Latina está em risco de ser substituído por uma máquina. Já a consultoria McKinsey sustenta que 60% das ocupações no mundo serão afetadas pela indústria 4.0.
Desafios
Ao lado de lideranças químicas da Alemanha, Chile, Peru e Argentina, os membros da rede Basf discutiram, durante a Reunião da Rede Sindical da BASF América do Sul realizada em São Paulo, que a produção fragmentada das cadeias globais, novas tecnologias e digitalização, precarização e terceirização, diferentes questões demográficas e de gênero (como o envelhecimento da população, entre outros), impactam na estrutura dos empregos.
Aírton Cano, coordenador político da Fetquim e coordenador da Rede Sindical América da BASF na América do Sul, lembra que a robotização já deu um susto no mundo do trabalho e que a discussão da indústria 4.0 inclui as ameaças potenciais sobre todos os países envolvidos e o foco no diálogo social.
Kemal lembrou que na Etiópia há trabalhadores recebendo US$ 35 ao mês. Na mineração em Gana, por exemplo, antes se usavam 8 mil trabalhadores, hoje apenas 200. “A conta social do desenvolvimento das novas tecnologias é um grande peso nos ombros da sociedade, é preciso haver regulamentação política de tais tecnologias”.
Para Sergio Novais, secretário de administração da CNQ/CUT e um dos criadores da rede de trabalhadores na BASF no Brasil e na América do Sul, “a rede de trabalhadores talvez seja o grande formato sindical. Não é difícil acontecer isso. Como tem gente trabalhando em casa não temos como organizar as pessoas”, lembra.
Diálogo Social
Um documento da industriALL, “Estratégias para a indústria 4.0”, elaborado no fim de 2017 após uma conferência na Suíça, com 60 afiliados de todo o mundo, servirá de guia para os trabalhadores da Basf na América Latina. Dentre as propostas, o texto sugere a formulação e implementação de um programa de transição justa para fazer parte de qualquer discussão com governos e empresas e a busca pela representação de trabalhadores em discussões em nível global, regional, nacional e empresarial sobre a Indústria 4.0.
Reunião
A reunião regional está sendo realizada pelo IndustriALL Global Union, em parceria com a Fundação Friedrich Ebert (FES). A programação segue nesta terça-feira, 10, e na quarta-feira, 11, será realizado o Diálogo Social com os representantes da multinacional alemã.
As reuniões regionais da rede Basf são importantes para a troca de informações e experiências que fortalecem o diálogo social relevante com os empregadores.