Olá companheiras, este 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é marcado por um momento muito difícil causado pela pandemia de COVID. Tanta famílias dilaceradas por tantas perdas por conta do novo coronavírus, sem contar com as dificuldades econômicas e as dificuldades que encontramos nos locais de trabalho, as incertezas, as pressões que sofremos para aumentar a produção, a pressão de demissão que na boca das lideranças das empresas... Se isso não bastasse ainda tem o aumento da violência contra nós, mulheres. Todas estamos sofrendo muito mais com essa pandemia. Para nós, mulheres, está muito pesado.
Na maioria dos lares nós mulheres somos responsáveis pelos cuidados com filhos e neste período ainda somos professoras dos nossos filhos, mesmo não tendo essa habilidade. Ainda temos os cuidados com os pais e ainda precisamos lidar com a irritação, o confinamento e a violência do cônjuge.
Na pandemia o número de casos de feminicídio aumentou, mas o de denúncias, caiu. Isso porque ficou mais difícil para as mulheres denunciarem. Os gastos dentro de casa aumentam. As contas chegam e tiram nossa paz. As brigas dentro de casa estão mais feias e a violência doméstica continua correndo solta dentro dos lares.
Não podemos admitir essa situação. Precisamos denunciar e acabar com a violência que muitas de nós vêm sofrendo em nossos lares. Temos que ser solidárias. Vamos juntar ajudar quem necessita sair desse ciclo de violência. Juntas somos mais fortes!
Precisamos nos unir e exigir vacina já para todos e todas. Exigir a volta do auxílio emergencial. Retomar a economia.
A todos os homens que vêm nos dar os parabéns pelo Dia Internacional da Mulher, um recado: participem mais ativamente da vida das famílias, não deixem tudo na mão da mulher. Nós também cansamos, nós somos fortes por fora mas frágeis por dentro. Palavras de carinho e reconhecimento nos sustentam mais do que comida e dinheiro.
Abaixo deixo uma poesia que fala muito sobre este dia, da escritora e poetisa, Elizandra Souza, do Coletivo MJiba.
Um forte abraço companheiras, juntas somos fortes!
Rosângela Paranhos
Secretária da Mulher Trabalhadora da Fetquim
Meu único dia de Mulher - Elizandra Souza
Oito de março lembrou de mim
Mandou flores, tocou até tamborim,
como presente de consolação,
além dos bombons, ganhei cartão
elogiou tanto o meu caráter
e me fez se sentir rainha
fingiu esquecer que não cobiçava o meu corpo,
mas sim a minha carinha
afirmou que sou bela por ser mulher
e disse o quanto sou guerreira de fé
e que sou capaz de vencer todas as barreiras
sou forte e verdadeira
na tv tantas homenagens
que cheguei a acreditar
até que enfim a igualdade está a reinar.
Nove de março, que decepção!
Pia cheia e toalha no chão
pedi para tirar o prato da mesa
e quase levei um bofetão
disse que o serviço de casa era minha obrigação
que mulher só prestava para cozinhar,
fazer sexo,
gerar filhos e amamentar.
Dez de março e a coisa piorou
disse que sou feia, gorda
e não sabe por que casou
e ainda me chamou de burra
e que se tivesse estudado
pelo menos era culta
Os dias passam e fico esperando
Meu único dia de mulher.
Oito de março.