A política do ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) de reajustar os preços dos combustíveis quase diariamente continua pesando no orçamento do povo brasileiro. Cinco dias após o último aumento no preço da gasolina, a Petrobras subiu novamente o valor, nesta quarta-feira (5/09), e o combustível ficou 1,68% mais caro. O preço da gasolina nas refinarias passou de R$ 1,1704, que vigorava desde o último sábado (1º), para R$ 2,2069.
É o valor mais alto cobrado pelo preço do litro da gasolina desde julho de 2017, quando a direção da Petrobras, comandada pelo então presidente Pedro Parente – nomeado por Temer após o golpe de 2016, mudou a política de preços e passou a acompanhar as variações cambiais e as oscilações do barril de petróleo no mercado externo.
Nesta quinta-feira (6), por causa da ameaça de uma nova greve de caminhoneiros, a Petrobras, meio de nota, informou que vai adotar um mecanismo de proteção financeira (conhecido como Hedge) que vai permitir "congelamento" no preço da gasolina por até 15 dias. E a pergunta que não quer calar é: por que não fez isso antes? Isso resolve?
Aumentos sucessivos
De julho de 2017 até hoje, a gasolina aumentou 69% nas refinarias da Petrobras enquanto a inflação do período acumulou 4,8%, segundo dados da subseção do Dieese da Federação Única dos Petroleiros (FUP). A variação do preço do diesel no mesmo período foi de 54%.
Na última sexta-feira, após três meses de congelamento devido ao acordo do governo que pôs fim à greve dos caminhoneiros e que envolveu subsídio governamental ao diesel, a Petrobras anunciou também o aumento de 13% no preço médio do produto comercializado nas refinarias do país.
“Esse será o cenário enquanto essa política equivocada continuar a ditar os preços da gasolina, diesel, gás de cozinha e demais combustíveis. O impacto no bolso dos brasileiros é muito grande”, diz o coordenador-geral da FUP, Simão Zainardi.
Segundo dados da subseção do Dieese da FUP, desde julho do ano passado até hoje, o preço médio de revenda da gasolina nas bombas de combustíveis foi de 27,4%. “É um valor muito superior à inflação do período [4,8%] e isso com certeza está afetando o orçamento de milhares de famílias brasileiras”, diz o economista do Dieese, Cloviomar Cararine.
O preço médio da gasolina nas bombas terminou a semana passada a R$ 4,446, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP). Em algumas regiões do País, porém, o valor extrapola os R$ 5 reais. É o caso da cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, e do Rio Branco, no Acre, onde foram registrados valores que ultrapassam a média nacional – R$ 5,24 e R$ 5,15, respectivamente.
No Tocantins, outro estado que tem registrado altas constantes, o preço da gasolina alcançou R$ 4,99 em alguns postos, e esse valor ainda pode aumentar depois do reajuste desta quarta.
Para o presidente em exercício da CUT-AC, Edimar Batista Tonelly, um dos mais afetados pelo aumento absurdo no valor da gasolina no estado, é muito preocupante essa situação. “Isso porque os reajustes muito acima da inflação estão afetando no endividamento das famílias aqui do Acre. E não só daqueles que usam carro, mas de todos”, diz.
Ele explica que o preço do frete na região, por causa da localização geográfica, é caro e isso faz com que os aumentos sejam repassados para praticamente todos os produtos consumidos pela população do Acre.
“Está terrível a situação e espero muito que nas eleições de outubro possamos eleger um novo governo que reverta o golpe e coloque o país novamente nos trilhos, pois assim está insustentável”, lamenta.
Política de preços da Petrobras
Segundo o coordenador-geral da FUP, Simão Zainardi, essa “calamidade com o bolso dos brasileiros” começou em 2016, quando a direção da Petrobras nomeada pelo ilegítimo Temer, que tinha assumido interinamente o governo, se reuniu com o Ministério de Minas e Energia e anunciou que a estatal não seria mais responsável pelo abastecimento dos combustíveis a nível nacional.
“E foi então que deram início à diminuição do papel do Estado, com incentivos para atrair as indústrias estrangeiras de petróleo para o Brasil e privatizar o setor de refino, entregando nossas riquezas”, denuncia o dirigente.
“Em julho do ano passado, ficou ainda mais claro esse movimento com a mudança oficial na política de preços e a queda drástica da carga processada em nossas refinarias com o aumento da importação”, conta.
Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em contrapartida, as refinarias da Petrobras passaram a operar com capacidade inferior a 73%. Em 2014, antes da crise política instalada no país, as refinarias estavam operando com 94% da sua capacidade.
“A maioria dessas importações, que chegaram a alcançar 800 mil barris de gasolina e 700 mil de diesel no mês de maio deste ano, veio da Shell, empresa petrolífera dos Estados Unidos, altamente interessada no nosso petróleo e na política de preços atrelada ao mercado externo”, denuncia Simão.
Já nos governos Lula e Dilma, diz o coordenador da FUP, a lógica era inversa. “As nossas refinarias estavam com a produção em alta, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população, pois era respeitado o valor da produção nacional”, diz.
“Agora, se der um probleminha na política externa, como foi o caso da guerra da Síria e a briga entre EUA e Irã, o brasileiro é quem vai pagar a conta nas bombas de combustíveis e no gás de cozinha. Imagina se o barril bate U$ 100. Isso é um absurdo”, diz o dirigente, lembrando que o barril de petróleo passou de U$ 40 em 2017 para quase U$ 80 em 2018.
“O povo vai precisar escolher nas eleições de outubro deste ano se prefere manter essa política e pagar caro pelos combustíveis ou se quer de volta os preços acessíveis”.