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22 de Julho de 2024

Conheça os desafios das pessoas com deficiência no ramo químico


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Pesquisa inédita realizada pela Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT no Estado de SP traz um panorama da realidade dos trabalhadores e trabalhadoras com deficiência, sugestões e recomendações de políticas públicas e sindicais de inclusão.

Há 17,3 milhões de PcD (pessoas com deficiência) no Brasil, o que corresponde a 8,4% da população brasileira.

Em 2020, os PCds ganharam, em média, 12,1% a menos do que os demais trabalhadores com vínculos formais, segundo o Dieese.

Nenhuma das principais atividades econômicas do setor químico (ou que inclui o farmacêutico) atingiu o percentual mínimo necessário de contratação de pessoas com deficiência. Isso significa que muitas empresas não estão cumprindo com a lei de cotas.

“É papel dos sindicatos fiscalizar e lutar pelo cumprimento da lei nº 8.213/91 nos mais diversos setores de atividades, colocar o tema da capacitação, contratação e acessibilidade nas convenções coletivas e lutar para que o ambiente de trabalho propicie boas condições de saúde física e mental”, conclui André Alves, secretário de Saúde da FETQUIM.

Dentro do setor químico brasileiro o número de PcDs envolvidos na produção de produtos de borracha e materiais plásticos (37%) empata com o de fabricação de produtos químicos (36%). Depois vêm os que atuam na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (27%).

No caso de trabalhadores representados pela FETQUIM, a maioria trabalha na fabricação de produtos químicos (44%), seguida pela fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (32%) e apenas 24% na fabricação de produtos de borracha e plásticos.

Mapeamos os trabalhadores e trabalhadoras com algum tipo de deficiência física. Foram detectados seus principais desafios e atividades nas fábricas e escritórios.

Metodologia

A pesquisa analisou empregados e desempregados químicos em entrevista individual semiestruturada em profundidade com perguntas sobre satisfação, dificuldades, sofrimentos físicos e mentais divididas em cinco unidades de contexto. 

Dentre os empregados lideraram as queixas os sofrimentos físicos (25%), exercer uma atividade em ritmo de máquina antiga (22,2%), trabalhar com sofrimento auditivo (20,8%) e sofrimento mental (15,3%) sobretudo pela ameaça de demissão. E 16,7% ressaltaram a satisfação de estarem trabalhando apesar dos desafios de adaptação, acesso e aceitação.

Dentre os desempregados as principais queixas foram rejeições (26,4%), problemas psicológicos (20,3%), empatados com dificuldades no acesso a direitos (18,2%) e situações adversas presentes (18,2%), além de dores físicas (16,9%).

“O sofrimento físico e mental foi amplamente destacado nos dois grupos, o que pode ser diminuído a partir de políticas de conscientização, inclusão, acessibilidade e suporte psicológico permanentes, nos sindicatos e nas empresas”, afirma Remígio Todeschini, um dos autores da pesquisa e atual diretor de Tecnologia e Conhecimento da Fundacentro.

A pesquisa realizada entre 2021 e 2022 virou o livro “Os Desafios da Inclusão: informações e depoimentos de PcD químicos”, lançado no último sábado (20/07) no Cefol Campinas, em parceria com o Dieese e a Universidade de Brasília, entre 2021 e 2022, de autoria de Remígio Todeschini (Fundacentro) e Douglas M. Ferreira (Dieese). Leia mais sobre o evento aqui.

Recomendações:

Dentre as principais recomendações de políticas públicas para as pessoas com deficiência estão: fiscalização permanente da lei de cotas no serviço público e privado; estímulo ao lazer, esporte e cultura para PCds recuperarem a autoestima e superarem dores físicas e mentais; disponibilizar cursos de qualificação e garantia de acesso segundo as funções e ocupações dos cargos disponíveis; assistência à saúde com cuidados permanentes e reabilitação no SUS, em especial para as mulheres com deficiência.

Acesse o livro de forma virtual clicando aqui.