Um novo estudo divulgado na terça-feira (20) revela o que a população preta brasileira já sente na pele há séculos: o racismo segue estruturando o cotidiano, limitando oportunidades e desumanizando vidas. Segundo a pesquisa, 84% das pessoas pretas afirmaram já ter sofrido discriminação racial no Brasil.
A pesquisa integra a série “Mais Dados, Mais Saúde”, desenvolvida por Vital Strategies e Umane, com apoio do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Instituto Devive e Instituto Ibirapitanga. Os dados foram coletados entre agosto e setembro de 2024, por meio de questionários aplicados pela internet, e possuem amostragem nacional, com base no Censo 2022 e na Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.
Os números refletem uma realidade invisibilizada por décadas, mas sentida no cotidiano de milhões de brasileiras e brasileiros negros.
Entre os recortes mais alarmantes da pesquisa estão os relacionados ao tratamento recebido pela população preta:
O estudo também revelou que as mulheres pretas são o grupo que mais reporta múltiplas razões para discriminação: 72% afirmam ter sofrido preconceitos interseccionais, como racismo combinado com machismo ou classismo. Isso confirma o que os movimentos sociais têm denunciado há décadas: o racismo se expressa de forma ainda mais cruel sobre os corpos femininos.