No Dia Internacional da Mulher, os dados sobre a violência de gênero escancaram o retrocesso que o país vive desde o golpe de 2016. Em levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, constata-se que 71% de mulheres que sofreram feminicídio - sobreviventes ou não - foram atacadas pelo atual ou pelo ex-companheiro. De cada 4 desses suspeitos, 1 tinha histórico de violência ou antecedentes criminais. Segundo a promotora Valéria Scarance, a violência contra a mulher não ocorre uma só vez. Ao contrário, é padrão de comportamento daquele homem no relacionamento com suas parceiras e com outras mulheres.
A reportagem destaca que "a análise, que abrange crimes ocorridos em 25 estados, mostra que a mulher vitimada pelo crime tem, em média, 33 anos, e o agressor, um pouco mais: 38 anos. O inconformismo com o fim do relacionamento aparece entre os motivos mais citados para a agressão (18%), logo atrás de brigas, ciúmes ou suposta traição (25%)."
A promotora Valéria Scarance afirma que a separação é um dos principais fatores de risco para o feminicídio, quando associada à perseguição incessante, menções a suicídio pelo agressor e histórico de violência.
A juíza aposentada Maria Berenice Reis afirma que "empoderadas, as mulheres são incentivadas a não ficarem em relacionamentos abusivos. Esses rompimentos colocam a vida das mulheres em risco. A vontade da mulher acaba, como sempre, não sendo respeitada".