Com o agravamento da pandemia de Covid nas últimas 3 semanas, trabalhadores petroquímicos e de empreiteiras estarão mais sujeitos aos riscos de contaminação frente às novas cepas do novo coronavírus. Estamos chegando, infelizmente, aos 300 mil mortos no Brasil, uma verdadeira hecatombe. As médias semanais de mortes e contaminados não param de crescer, e estamos chegando a quase 3 mil mortos diários. No ABC havia entre 20 a 30 mortos por dia, agora estamos chegando ao dobro, e muitos morrendo por falta de UTI, ou mesmo de oxigênio, produzido pelos próprios trabalhadores químicos.
No meio deste cenário tenebroso as empresas do Polo Petroquímico do ABC programaram uma parada de manutenção que concentrará mais de 8.500 trabalhadores entre trabalhadores químicos e empreiteiras. No pólo, hoje, temos cerca de 2.600 trabalhadores efetivos, e mais 6 000 empreiteiros que estarão trabalhando durante 45 dias para realizar os mais diversos tipos de manutenção que foram adiados desde o ano passado, devido a necessária continuidade operacional da produção durante a pandemia.
"É evidente que uma parada de manutenção é necessária para fins de segurança maior contra riscos químicos, fisicos, ou de incêndios ou explosões, mas o que preocupa no momento é o maior risco de todos à contaminação por Covid-19 aos trabalhadores", alerta Airton Cano, coordenador político da Fetquim.
Aglomerações de fato ocorrerão, nos banheiros, nos vestiários, na espera dos restaurantes, pois o volume de pessoal nas empresas vai triplicar em relação à atividade normal de operação de uma empresa petroquímica e será muito difícil seguir rigidamente os protocolos de distanciamento social.
"O momento é de adiar ao menos por uma ou duas semanas o início da parada que está programada para o dia 31 de março, até porque os prefeitos do ABC diante da calamidade da pandemia decretaram feriado em toda Semana Santa! Falta vacina pela inoperância do Governo Federal que foi relapso em não comprá-la desde o ano passado, e que se mostra negacionista contra a pandemia, receita remédios inócuos e prejudiciais para a população em vez de cuidar da VACINAÇÃO URGENTE PARA TODOS! Pior: agora estamos na iminência de não termos remédios necessários para o processo de intubação nas UTIs, sem falar da vergonhosa carência de leitos pra isso”, diz Cano.
Para o secretário geral do Sindicato dos Quimicos do ABC, Paulo José dos Santos, o Paulão, “ a situação é delicada e requer responsabilidade de todos, da direção das empresas do pólo e dos sindicatos". "A decisão dos prefeitos do ABC é correta com os feriados da Semana Santa para restringir pessoas. As empresas deverão, sem dúvida, colaborar e esperar um pouco mais para que não tenhamos grandes aglomerações na parada do pólo, acompanhando a decisão dos prefeitos. Nesse momento é preciso ter um pouco mais de senso de humanidade e entender que a vida vale mais que o lucro. O lucro se recupera , a vida não.”
Joel Santana de Souza, coordenador da área de Santo André e responsável pela área do Pólo Petroquímico, diz que “ uma parada de manutenção é importante para corrigir os riscos das atividades normais para impedir acidentes e contaminações, mas ao mesmo tempo, frente ao maior risco da pandemia, é preciso que as empresas tenham responsabilidade social e negociem aguardando um pouco mais para não agravar a situação da contaminação da Covid-19 que está muito acentuada, e não lamentarmos a morte de mais companheiros, com recordes de mortes em São Paulo e no Brasil.”
Airton Cano, recorda que os trabalhadores da VOLKS em São Bernardo estarão parados até dia 4 de abril devido a piora da contaminação por Covid. O presidente do Sindicato dos Metalúgicos do ABC, em matéria do Diário do Grande ABC, afirmou que em um ano de pandemia 19% dos trabalhadores já foram contaminados e 9 faleceram por Covid. Segundo a FUP, dos 40 mil petroleiros, 4 700 foram contaminados desde o início da pandemia e também 10 faleceram.
O diretor do Sindicato da Construção Civil de Santo André, o Maurão, que representa os trabalhadores de empreiteiras, está muito preocupado com essa parada de manutenção de vido a Covid, e está procurando o Ministério Público do Trabalho, já que as empresas empreiteiras e as empresas do Pólo não tem tido cuidado com os trabalhadores empreiteiros contaminados mesmo fora da parada dentro do Pólo Petroquímico. “ A tendência é piorar mais ainda com mais de 6 000 trabalhadores empreiteiros, dentro da Braskem, Oxiteno e Unipar com a Covid-19 se não forem tomadas providências mais enérgicas”.
Fontes: DGABC, FUP, Direção da Fetquim, Dirigentes dos Quimicos do ABC e Assessoria de Saúde e Trabalho da Fetquim.