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14 de Agosto de 2020

Nota da Fetquim sobre despejos no Quilombo Campo Grande (MG)


Escrito por: Fetquim


Fetquim
Crédito: Gean Gomes/ MST

A Fetquim vem a público denunciar o descalabro promovido pelo governo do estado de Minas Gerais e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais a partir do lobby realizado por representantes do agronegócio contra o acampamento Quilombo Campo Grande. Um exemplo produtivo de alimentos orgânicos,  formado há 22 anos no local da falida usina de açúcar Ariadnópolis, que ainda tem como pendência inúmeros casos de direitos trabalhistas não pagos. 

A fazenda que antes beneficiava apenas uma pessoa agora é o local de moradia e sobrevivência de 650 famílias agricultoras. Com 40 hectares de hortas, 60 mil árvores nativas e 60 mil árvores frutíferas, o acampamento produz anualmente 510 toneladas de café sem o uso de agrotóxicos, além da produção de oito toneladas de mel, bem como produz cereais, hortaliças, frutas, fitoterápicos, leite e derivados, além de produtos processados como doces e geleias.

Determinado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais com o aval do governador Romeu Zema, o despejo foi iniciado na  quarta-feira (12/08) em uma ação que envolveu cerca de 150 Policiais Militares. Após a pressão de diferentes organizações e movimentos de defesa dos direitos humanos, o governador chegou a declarar em sua conta no Twitter que o despejo estaria suspenso, mas a verdade é que a polícia pernoitou e permanece no local.

Hoje, quinta-feira (13/08), a polícia derrubou uma escola agrícola. As famílias também permanecem em vigília, para garantir que a polícia não destrua as moradias e lavouras.  Nenhum amparo às famílias foi oferecido pelo governo do estado. Na área, estava em construção um pólo de conhecimento e tecnologia em agroecologia. 

O despejo do Quilombo Campo Grande é uma grave violação de direitos humanos para as famílias locais, que podem perder tanto sua moradia quanto seus alimentos e seu sustento em plena pandemia de Covid-19. Isto também impacta diretamente a segurança alimentar, a diversidade de cultivos. Trata-se de um ataque àqueles que não se sujeitam aos venenos e nem à imposição de sementes e insumos promovida pelo agronegócio.

A área é estratégica para o agronegócio, que a quer para arrancar lucro à custa de vidas humanas e do meio ambiente. Há fortes interesses dos exportadores de café e de multinacionais da alimentação no local.

Defender o Quilombo Campo Grande é defender a soberania alimentar, é defender a vida. 

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