Thomaz Zanotto, chefe do Departamento de Relações Internacionais e Comércio, Derex, da Fiesp, esteve em Viena no dia 27 de junho, palestrando na sede da Câmera de Comércio da Áustria. Foi “vender o Brasil”, como gostam os marqueteiros. Uma terra de oportunidades. Vamos todos nos dar bem. Vem ni mim que eu tô facim. O novo governo Temer é nossa porta para a modernidade.
Zanotto contava que a plateia fosse formada por aborígines dispostos a comprar seus espelhinhos. Não era. “Vocês têm que pensar em Al Capone. Ele não foi preso por causa dos assassinatos e crimes que cometeu, mas por causa de evasão fiscal. É a mesma coisa com Dilma Roussef. O impeachment é por causa de pedaladas fiscais”.
Zanotto não resistiu às perguntas da audiência e foi ficando nervoso. Repetia incessantemente o mantra: “Nós estamos seguindo a Constituição”. O golpe de misericórdia aconteceu quando uma mulher perguntou a Zanotto “que tipo de garantias ele poderia dar a uma empresa num país que não respeita suas leis”.
Sua saída foi um piti estranhíssimo sobre as desgraças da “economia ideologizada” — como se a Fiesp fosse uma cantina italiana ou um ovo de dinossauro. Há um outro problema para esse pessoal: assim como no caso da entrevista de FHC ao jornalista britânico Mehdi Hasan, existe uma barreira, além da farsa jurídica do impeachment em si, para esse pessoal emplacar sua tese no exterior: a língua.
Eles falam mal inglês. Bem pior do que eles mesmos pensam, o que é o erro fatal do monoglota. Quando são confrontados, o resultado é um desastre.
Einstein definiu a loucura como o ato de fazer sempre a mesma coisa esperando resultados diferentes. Caído por terra o conto das pedaladas, a estratégia virou a seguinte: gritar “Não é golpe!” o máximo possível de vezes, eventualmente tapando os ouvidos com as mãos. Por enquanto tem dado espetacularmente errado, mas vai que hora dessas um maluco acredita nisso.