Voltar
28 de Abril de 2018

Jovens químicos são os mais atingidos em acidentes de trabalho no setor de desinfetantes, vidro plano, farmacêuticos e plásticos


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Neste ano de 2018 a Organização Internacional do Trabalho (OIT), elegeu os trabalhadores mais jovens como foco de sua campanha do Dia Mundial de Luta contra os Acidentes de Trabalho. Das cerca de 30 atividades econômicas que compõe o setor químico, 13 se destacam pela elevada acidentalidade entre os mais jovens ( entre 16 e 34 anos), conforme tabela abaixo.  O Slogan da Campanha da OIT é Geração Segura e Saudável (Generation Safe & Healthy). A campanha destaca a importância crítica de enfrentar esses desafios e melhorar a segurança e a saúde dos jovens trabalhadores, não só para promover o emprego digno dos jovens trabalhadores também para ligar esses esforços no combate ao trabalho infantil.

Os jovens são os mais atingidos pela acidentalidade pela falta de experiência, falta de treinamento nas empresas, pelas condições inseguras no trabalho e devido ao ritmo cada vez mais intensivo na produção. Os três principais motivos desta acidentalidade são: traumas e cortes, doenças osteomusculares (LER/DORT) e transtornos mentais e comportamentais.

Veja abaixo os setores do setor químico onde a acidentalidade entre os trabalhadores mais jovens ocorre, ou seja, para cada 10 acidentes entre 6 e 7 acidentes são de trabalhadores mais jovens entre 16 a 34 anos.

Atividades Químicas

Acidentalidade acima de 60% para jovens entre 16 a 34 anos por 100 acidentes

Fertilizantes

60%

Fibras artificiais e sintéticas

62,26%

Desinfetantes

71,05%

Sabão e Detergentes

63,48%

Cosméticos

61,23%

Tintas e Vernizes

62,02

Aditivos

60,75%

Medicamentos Veterinários

62,86%

Preparações farmacêuticas

66,67%

Embalagens Plásticas

64,58%

Tubos Plásticos

62,80%

Artefatos de Plástico

64,01%

Vidro Plano

71,08%

Fonte: AEAT – Previdência - 2015

A tabela acima revela que continua trágica a acidentalidade no Brasil e no mundo frente aos acidentes, doenças e contaminações nos ambientes de trabalho.  

No Brasil nos últimos 5 anos tivemos 15 mil  mortes, o que é um genocídio. Mais de 50 mil casos de invalidez permanente e cerca de 3,5 milhões de todos os tipos de acidentes.  No setor químico a acidentalidade continua em quase todos os setores. Os químicos realizaram lutas importantes em defesa da Saúde nos últimos 30 anos, como a Greve contra a contaminação do Chumbo na Ferroenamel nos Químicos do ABC (1984), contra a contaminação do Benzeno na  Matarazzo (1985), contra a contaminação do mercúrio na Solvay (1987), na PQU ( atual Braskem - 1992), contra acidentes maiores e explosões. Nos Químicos de São Paulo houve a luta na Nitroquímica contra a contaminação, (1986) além da batalha contra as amputações em máquinas injetoras no setor Plástico de São Paulo. E uma emblemática conquista no setor químico foi contra a contaminação por agrotóxicos da Shell/Basf (2002-2013) com fechamento da fábrica e indenização dos trabalhadores pelos Químicos Unificados de Campinas e Osasco.