O resultado do 1º turno da eleição presidencial no Brasil - que levou o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) ao 2º turno, é destaque hoje na imprensa internacional.
O site do jornal "The New York Times" (NYT) dedicou a maior parte de sua reportagem à ascensão de Bolsonaro à liderança das pesquisas, traçando um paralelo dele com a estratégia do presidente norte-americano Donald Trump. "Seu êxito desafia as leis da gravidade política. Até pouco tempo era somente um provocador às margens do poder que conseguiu como parlamentar durante sete mandatos, mas dominou a cena midiática quando se converteu em um defensor da ditadura militar", afirma o texto do NYT, ressaltando o uso de "ataques verbais" do candidato contra mulheres, homossexuais e mulheres negras "em um país onde a maioria da população não é branca".
"Se levarmos a sério, a democracia no Brasil corre sério risco", afirmou a escritora, historiadora e catedrática da Universidade de São Paulo Lília Schwarcz ao NYT.
O site do jornal britânico "The Guardian" destacou o resultado do pleito como “uma campanha horrível no 2º turno". "Vai ser um lado atacando o outro”, afirmou ao jornal a diretora de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins, Monica de Bolle.
A notícia também estampou a primeira página do argentino "Clarín", em matéria que afirma que “o processo eleitoral foi marcado por um intenso descontentamento com a classe governante depois de anos de turbulência política e econômica”. O artigo lembrou dois fatos que marcaram a campanha: a proibição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer e o ataque a facada contra Bolsonaro, trazendo um panorama do clima de polarização que marcou a campanha do 1º turno.
A edição do espanhol "El País" repercutiu o desempenho do candidato do PSL e o caracterizou como “um político autoritário, racista, machista, homofóbico, um adorador da ditadura que afundou o Brasil em uma de suas épocas mais sombrias durante 20 anos”. “Somente uma virada radical, quimérica, no dia 28 de outubro [quando ocorrerá o 2º turno], evitará que a extrema direita governe a partir de primeiro de janeiro o maior país da América Latina”, afirma a matéria.
Já o site do jornal estadunidense "The Washington Post" qualificou a campanha presidencial como “populista e polarizante”, lembrando as semelhanças entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o capitão reformado brasileiro.
“O desempenho de Bolsonaro representou um avanço surpreendente para um movimento global florescente de nacionalistas de direita que conquistaram cargos políticos importantes nos Estados Unidos, no leste europeu e nas Filipinas”, afirma o jornal. A matéria afirma que a política do candidato da extrema direita e seus elogios à ditadura militar “despertaram temores de que ele se afastaria de uma democracia progressista”, acrescentando que suas propostas para o país são vagas.
Na capa do periódico alemão "Deutsche Welle", uma matéria descreve o sentimento de “desconfiança e revolta” dos eleitores que foram hoje às urnas e a imensa diferença entre os dois projetos que estão agora em disputa.
O site da BBC, do Reino Unido, deu destaque em sua página principal para as eleições no Brasil. “O Brasil está muito dividido – e fragilizado”, afirma a correspondente do veículo no país, descrevendo as ligações de Bolsonaro com setores religiosos e suas declarações polêmicas, racistas, homofóbicas e misóginas.
A BBC também trouxe as declarações de Haddad após ser confirmado no segundo turno, em que afirmou que o PT usaria “apenas argumentos, e não armas” para derrotar o oponente.