Aconteceu na manhã desta quinta-feira (21/09), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), o seminário “O Futuro da indústria Paulista”, uma iniciativa do deputado estadual Teonílio Barba (PT) para organizar representantes da classe trabalhadora e da indústria em prol do fortalecimento e da retomada da reindustrialização em São Paulo.
A indústria, que representa mais de 77% das exportações no estado de SP e 22% dos empregos formais, tem sofrido com o encolhimento, o que acaba com a geração de empregos diretos e indiretos. Em 2010, por exemplo, a indústria de transformação paulista contribuía com 41,66% valor adicionado nacional. Dez anos depois, em 2020, sua participação caiu para 36,66%.
“São Paulo é o coração da indústria brasileira e está perdendo espaço de forma acelerada”, afirma Aroaldo Silva, presidente da IndustriALL Brasil, diretor do SindmetalABC e da Agência de Desenvolvimento Econômico do ABC.
A depender do segmento industrial, um emprego na indústria é capaz de gerar cinco, seis, dez ou até 16 empregos indiretos, segundo o economista do Dieese, Fernando Lima: “É um fluxo tremendo de movimentação de pessoas, isso demonstra o quanto a indústria gera de empregos”.
Para Raimundo Suzart, presidente da CUT-SP, São Paulo não comporta mais indústrias acima de 1000 funcionários por causa da especulação imobiliária. Ele lembra da atual ameaça sob o Polo Petroquímico do Grande ABC, caso sejam construídas 10 torres de prédios nas imediações, o que obrigará as empresas do polo a deixarem a região.
Além disso, Raimundo chama a atenção para o impacto que as políticas de privatização terão no estado. “Os empresários reclamam do custo e eles precisam se alinhar com os trabalhadores e trabalhadoras. O governo do Estado de SP tá baixando o plano de privatização da Sabesp, portanto, vai encarecer a água, como já aconteceu com o gás. Os empresários não estão percebendo nem participando dos plebiscitos que as centrais sindicais estão fazendo. Imagine em que condição esse trabalhador chegar ao trabalho com a privatização do metrô e da CPTM”, ressalta Suzart.
Airton Cano, coordenador político da Fetquim, pediu que o dep. Teonílio Barba possa construir uma Frente Parlamentar da Indústria no Estado de SP e que contenha a participação de um representante dos trabalhadores no Conselho de Desenvolvimento Econômico. “Não vai ser uma frente só metalúrgica, química, vidreira, vai contemplar todo o mundo”, explica.
O dep. Barba admite a importância da iniciativa e promete trabalhar para isso: “Nesta casa (Alesp) não há um debate sobre política industrial”.
Financiamento
André Silva, da empresa Selco, esteve no evento apresentando o caso de sua indústria de compressores, 100% nacional, que têm investido em inovação graças aos recursos do programa 2030 da Finep. “Inovação é um investimento de longo prazo, pequenos e médios não investem por causa disso, daí a importância de programas de financiamento sem contrapartida definida”, diz ele. O caso da Selco é considerado um exemplo de indústria brasileira que valoriza, respeita e entende a importância de seus trabalhadores e da soberania nacional.
Thiago Miguez, economista do BNDES, teve que explicar a plateia presente os motivos para a dificuldade de acesso ao crédito para pequenas e médias indústrias. “O crédito no BNDES é direcionado, pedimos as grandes empresas a lista de fornecedores para acompanhar até onde vai o dinheiro. Quando a gente apoia uma grande empresa está apoiando diretamente as pequenas e médias, o que tem um impacto grande no emprego pela extensão da cadeia”.