Uma nova conjuntura exige novos instrumentos para preparar a classe trabalhadora - e principalmenbte os sindicatos e federações - para os embates e negociações com o patronato. Foi para responder a essa necessidade que o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) lançou neste mês o Cadernos de Negociação, que reúne sínteses de diversos indicadores elaborados pela instituição e informações sobre o mundo do trabalho e economia.
Com essa publicação, os dirigentes e lideranças terão acesso, de modo prático, a informações essênciais para o debate com os representantes patronais, como preços e inflação; mercado de trabalho; desempenho do PIB; desempenho fiscal dos entes públicos; legislação, entre outros.
Segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, a proposta é "reunir mensalmente informações estratégicas para subsidiar as negociações coletivas".
Na edição de lançamento, uma análise sobre os reajustes salariais em 2017 mostra que do total de 366 reajustes analisados pelo Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS- Dieese), 221 ficaram acima do INPC, 109 conseguiram repor o índice e 36 (10%) ficaram abaixo da inflação.
Há empresas usando o desemprego como instrumento para baixar custos. Isso explica porque, com uma inflação de 2% ao ano, ainda tem categoria que não consegue reajuste integral, a mera reposição da inflação.
Sobre os reajustes terem melhorado um pouco nos últimos meses, Clemente disse que "uma inflação menor melhora a capacidade do movimento sindical conquistar a reposição das perdas. Ao mesmo tempo, as empresas têm maior capacidade de absorver o reajuste da folha salarial".
Para os técnicos do Dieese, esses resultados mostram que, mesmo com a crise econômica, a inflação baixa ajuda na negociação de aumentos reais, especialmente em categorias grandes e que têm suas datas-bases concentradas, como químicos e metalúrgicos. Os ganhos reais, no entanto, ressaltam os técnicos, continuam bastante baixos.
O Cadernos de Negociação mostra, ainda, que o atraso no pagamento de salários e reajustes são as principais reivindicações dos trabalhadores que entraram em greve este ano.
Segundo dados preliminares, foram registradas 1.001 greves até outubro, sendo metade (50%) na área privada, com destaque para as paralisações dos trabalhadores do setor de transportes (158 greves).
Os dados sobre desemprego revelam que o Sudeste apresentou o pior resultado entre as Regiões do País: 223.424 postos de trabalho foram fechados. Somente a agropecuária apresentou saldo positivo (17.969) na região. Por setor, o pior saldo do período foi o da construção civil. O Sudeste fechou mais da metade dos postos perdidos neste segmento (-93.657).