Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, no acumulado do ano, até outubro, as importações de produtos químicos somaram US$ 69 bilhões e as exportações chegaram a US$ 14,8 bilhões, aumentos de 42,1% e de 28,1% na comparação com o mesmo período de 2021. Com o resultado, o déficit na balança comercial de produtos químicos, entre janeiro e outubro, somou US$ 54,2 bilhões, o que representa um aumento vertiginoso de 46,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo ainda faltando dois meses para o encerramento deste ano, já se supera em US$ 8 bilhões o maior déficit anual da história da balança comercial de produtos químicos, de US$ 46,2 bilhões, registrado em 2021.
Em termos de quantidades (toneladas), praticamente todos os grupos de produtos acompanhados registraram recuos, em especial de resinas termoplásticas (16,6%), de petroquímicos básicos (7,5%) e até mesmo de intermediários para fertilizantes (2,2%), totalizando 49,2 milhões de toneladas, até outubro, adquiridas a preços médios gerais 43,4% superiores àqueles de igual período de 2021.
A falta de uma política industrial que estabeleça metas de substituição de importações faz com que a balança comercial da indústria química seja ano após ano mais deficitária, ou seja, importa mais do que exporta. Com isso, o Brasil exporta anualmente milhares de empregos industriais e aprofunda sua dependência da produção da indústria química de outros territórios. Com o cenário de desestabilização das cadeias de comércio global, em virtude da guerra no leste europeu, é possível que essa crescente dependência se torne desabastecimento de insumos produtivos se desdobrando em grave crise social.