Análise feita pela Assessoria de Saúde e Previdência da FETQUIM/CUT/Intersindical sobre dados de afastamento por incapacidade temporária ( auxílio doença), entre 2015 a 2020, revela que o porcentual de transtornos mentais e comportamentais passou de 8,43% para 12,45% do total de CIDs ( Código Internacional de Doenças) registradas.
Em cinco anos o aumento foi mais de 50%. Os números dessa multidão de afastamentos por transtornos mentais cresceu de 170.830 (2015) para 289.677 ( 2020). O sub-registro foi enorme em 2020, devido a suspensão da perícia médica presencial. Várias foram as causas: isolamento na crise sanitária, desemprego, sobrecarga no trabalho, assédio moral, entre outras.
Entre as 100 CIDs referentes ao capítulo V, de transtornos mentais, três CIDs se destacaram mais intensamente: F-32 (episódios depressivos), F-41 (transtornos ansiosos) e F-43 (estresse grave e transtorno de adaptação). Essas três CIDs registraram percentuais elevados de transtornos. Em 2011 as três juntas foram 44% de todos os casos de afastamento por incapacidade previdenciária temporária e 78% dos casos de incapacidade acidentária.
Em 2015 foram 45% dos casos no auxílio-doença comum (previdenciários), e cresceram para 84% dos casos acidentários. Em 2019 houve mais um aumento: 53% dos casos previdenciários e 83% dos casos acidentários. Essa elevação de casos manteve-se no ano de 2020, com 53% dos casos previdenciários em 2020 e 84% dos casos acidentários. Esse sofrimento mental de deprimidos, ansiosos e estressados requer novas modalidades de intervenção para ampliar o bem estar e a qualidade de vida junto às comunidades, famílias e empresas para não agravar, um dos graves problemas de saúde pública que é o suicídio em ascensão no Brasil.
Suicídio em alta
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia o suicídio como uma das dez causas mais frequentes de morte. A depressão é uma das causas determinantes, com outras associações de sofrimento mental, frente ao suicídio, exigindo das famílias, sociedade, empresas o cuidado redobrado com a saúde mental, o ano todo além do mês de setembro.
Segundo o DataSUS, o total de óbitos no país por lesões autoprovocadas dobrou. Foi de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos, sem considerar os casos que não foram notificados.
Dirigentes sindicais da Fetquim atentos às questões de saúde mental
Para André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, as causas de depressão e estresse no local de trabalho são conhecidas e precisam ser combatidas. “Há uma pressão enorme por produção, e metas de produtividade. Um assédio moral infernal, e em muitas fábricas são exigidas jornadas de 12 horas e os trabalhadores são chamados para trabalhar nos finais de semana e folgas em vez de termos jornadas de turnos que respeitem o descanso dos trabalhadores como jornadas de 5 turmas para que tenham sua saúde mental preservada ”.
Airton Cano, coordenador político da Fetquim, reforça que “é preciso avançar com um governo agora em outubro nas eleições, que respeite a regulamentação da legislação de saúde do trabalhador tanto física como mental”. "Há necessidade de um governo voltado para os trabalhadores que não casse direitos e imponha respeito e trabalho decente e principalmente que dê proteção mental, psicológica, salário justo e qualidade de vida para todos e que desfaça a reforma trabalhista que buscou desrespeitar nossa negociação coletiva”.
Fonte: Dados abertos da Previdência sobre afastamentos - INSS – Ministério do Trabalho e Previdência.