A Comissão de Saúde do Trabalhador dos Químicos ABC (COMSAT) nasceu em maio de 1984. Naquela época, de ditadura militar, os trabalhadores adoeciam e trabalhavam até morrer. As empresas não eram responsabilizadas por contaminação, acidentes e mortes no trabalho. Não havia articulação política para defender questões de insalubridade e riscos de morte. Nesse sentido, o Sindicato dos Químicos do ABC foi protagonista na defesa dos trabalhadores e criou a COMSAT para reunir comissões de fábrica, cipeiros e membros das organizações por local de trabalho para lutarem por sua saúde e segurança.
Foi preciso muita luta e mobilização para estabelecer normas regulamentadoras, criar leis e direitos, como a recusa ao trabalho diante do perigo iminente e a quinta turma no Pólo Petroquímico.
A luta dos trabalhadores químicos contra a contaminação pelo chumbo na Ferro Enamel, contra a contaminação pelo mercúrio na Eletrocloro (atual Solvay), a leucemia provocada pela exposição dos trabalhadores ao benzeno, as mortes devido às precárias condições de trabalho na Matarazzo, em São Caetano do Sul, fazem parte da história destes 40 anos da COMSAT.
"Chacoalhamos os governos liberais e autoritários contra toda a legislação que não notificava e não reconhecia os acidentados, não estabelecia normas de produção mais efetivas. Muitas normativas do INSS foram criadas através dessa luta dos trabalhadores e começou processo de discussão de normas regulamentadoras do trabalho. Estes 40 anos de luta se traduziram em políticas públicas nacionais de prevenção e proteção no trabalho e não apenas para mera reparação e indenização", explica Remígio Todeschini, diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro e primeiro coordenador da COMSAT.
Normas de proteção à saúde foram estabelecidas nos governos Lula e Dilma em prol do estabelecimento de uma política nacional de saúde e segurança do trabalho e agora estão sendo retomadas a partir da reconstrução da Fundacentro, desarticulada durante os governos Temer e Bolsonaro.
Homenagens
Tais avanços só foram possíveis por conta da dedicação e a capacidade de lideranças homenageadas com uma placa durante o encontro dos 40 anos da COMSAT, no último sábado.
Remígio Todeschini representou o período de trabalho da Comissão de 1984 a 1991. “Essa luta tem de continuar na organização no local de trabalho através da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio), que será reformulada em outubro deste ano. Parabéns a todos e continuemos na luta em defesa da saúde”, ressaltou.
Também foram homenageados Domingos Lino (representando o período de 1991 a 1992 da COMSAT), Élcio Antonio Tibério (1992 a 1999, já falecido), Aparecido Donizetti (2000 a 2003), Marco Antonio Guilherme (2003 a 2006), José Freire da Silva (2006 a 2015) e Paulo Sérgio Silva (2015 até presente data), que recebeu a placa das mãos do ex-presidente do Sindicato dos Químicos e atual presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart.
No encerramento, o secretário de Saúde e coordenador da COMSAT, Paulo Sérgio Silva, apontou a importância da construção contínua do processo de mobilização. “Tenho muito orgulho de fazer parte dos 40 anos da COMSAT, os que me antecederam deixaram um legado e estou dando continuidade, com direção e militância”, disse ele.