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15 de Agosto de 2018

Comando da Petrobras enfrenta pressão contra venda de fatia na Braskem


Escrito por: Valor Econômico editado por Fetquim


Valor Econômico editado por Fetquim

O comando da Petrobras está enfrentando pressão interna contra a potencial venda das ações que detém na Braskem, uma das maiores petroquímicas das Américas, para a LyondellBasell, apurou reportagem do jornal Valor Econômico, publicada no último dia 13/08.

A posição desse grupo ganhou fôlego com a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras e com o início das conversas sobre o novo planejamento estratégico, que cobrirá de 2019 a 2023 e está sendo costurado.

Publicamente, o novo presidente da estatal, Ivan Monteiro, adotou um tom mais cauteloso quanto à operação. Em diferentes entrevistas, admitiu a possibilidade de a estatal permanecer como acionista da LyondellBasell após a combinação de ativos com a Braskem e, recentemente, falou que a Petrobras precisa “repensar o setor petroquímico”.

A interlocutores, porém, o executivo tem reiterado que segue disciplinado em relação ao plano de venda de ativos e à melhoria das métricas financeiras da companhia, com foco dos negócios no pré-sal. Da mesma forma, conforme fontes de mercado, a percepção na Odebrecht e na LyondellBasell é a de que nada mudou em relação ao panorama no início das conversas e que, apesar desse debate, a estatal deve se desfazer de suas ações.

A Petrobras pode vender a fatia total de 36,1% que tem da Braskem pelas mesmas condições que forem negociadas pela Odebrecht, controladora da petroquímica. Na avaliação de fontes, a venda é praticamente certa. Mas, diante das discussões sobre o novo plano estratégico, Monteiro mudou a maneira de se posicionar sobre o setor petroquímico — e não necessariamente sobre Braskem.

Tão logo assumiu a presidência da estatal, segundo relato de fontes, cresceu a pressão sobre o executivo para que reconsiderasse algumas das diretrizes do planejamento estratégico divulgado em setembro de 2016. O plano, lançado por Parente, prevê a retirada integral dos negócios de fertilizantes, petroquímica, biocombustíveis e distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), com foco em atividades “com maior potencial de desenvolvimento”.

Perspectivas para o setor petroquímico

Como parte dos debates sobre o novo plano estratégico, a Petrobras realizou na semana passada um seminário interno sobre as perspectivas para a indústria petroquímica e a estratégia das petroleiras para esse setor. Com o avanço dos veículos elétricos ou híbridos e dos biocombustíveis, a demanda mundial por combustíveis fósseis vai crescer a taxas cada vez menores, enquanto o consumo de químicos ganhará velocidade. Diante dessa perspectiva, observou em artigo recente a consultoria MaxiQuim, novas refinarias na Ásia e no Oriente Médio produzem pelo menos o dobro do volume de petroquímicos por barril de petróleo em relação aos complexos atuais.

Conforme uma fonte, mesmo que o novo plano traga algum posicionamento diferente em relação ao setor petroquímico, a estatal seguiria disposta a analisar uma proposta dos holandeses. O Valor apurou que a equipe da LyondellBasell que participa das negociações já passou pelas unidades fabris da Braskem no Brasil e a expectativa é a de que a due diligence acabe no fim deste mês. A partir desse momento, as discussões serão concentradas no valor da operação. No dia 1º, o principal executivo (CEO) da LyondellBasell, Bob Patel, esteve no Ministério de Minas e Energia (MME), numa tentativa de medir a temperatura da operação junto ao governo brasileiro. A audiência estava marcada com o ministro Moreira Franco, que não pode comparecer por causa de outros compromissos.

Procurada, a Odebrecht não comentou o assunto e a Petrobras não respondeu imediatamente