Caso Shell/Basf: contaminação ocupacional e ambiental em Paulínia (SP)

O médico do trabalho Roberto Ruiz e o presidente da Associação dos Trabalhadores Expostos à Substâncias Químicas (ATESQ), Francisco Tavares, contaram aos participantes do Seminário sobre Saúde e Condições de Trabalho que a Fetquim realizou nos dias 1° e 2 de dezembro, em Campinas, alguns detalhes do caso Shell/Basf na planta de Paulínia (SP) que muito ensinou aos químicos sobre a necessidade de informação, organização e prevenção.

“Não foi só contaminação ocupacional, mas também ambiental, no solo, na água, no rio”, lembra o doutor Ruiz, que acompanhou de perto todo o processo.

Isso sem contar com as ameaças, intimidações, contratação de especialistas em toxicologia para emitirem pareceres favoráveis às empresas e "acordos financeiros" fechados ao longo do tempo por alguns "companheiros". 

Tavares lembra que os trabalhadores foram expostos a 12 substâncias altamente perigosas à saúde humana e algumas indutoras do câncer. "Se o trabalhador estiver exposto ao toleno, ele fica propenso a ter surdez, 90% da surdez no setor químico vêm da exposição aos solventes", exemplifica o presidente da ATESQ.

Após 12 anos de luta as duas multinacionais pagaram pelo crime de contaminação por agrotóxicos (produtos que produzia em Paulínia) de 1974 a 2002 e tiveram que desembolsar R$ 500 milhões (entre a ação de dano moral coletivo e ações individuais). Até hoje as empresas são obrigadas a manter assistência médica integral ampla e vitalícia aos trabalhadores, cônjuges e seus filhos (por causa das mutações genéticas), além de pagar pelos medicamentos que eles necessitarem.

O caso está eternizado no filme "Lucro Acima da Vida", com a atriz Zezé Motta e os atores Ailton Graça, João Vitti, Celso Batista, Déo Gárcez e Denis Derkian, entre outros, dirigido por Nic Nilson.

Todos os participantes do Seminário da Fetquim receberam uma cópia do filme.