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25 de Julho de 2016

“O Ramo Químico tem um peso grande nas negociações do segundo semestre”


Escrito por: CNQ


CNQ

A presidente da CNQ-CUT, Lucineide Varjão, falou ao jornal GRAVE, do Sindiquímica Bahia, sobre as ações e estratégias para o desenvolvimento da campanha salarial. Acompanhe:

Grave - Durante a reunião da direção executiva da CNQ-CUT, em São Paulo, os dirigentes sindicais discutiram os projetos e ações do governo interino que ameaçam direitos e conquistas da classe trabalhadora. Que ações estão sendo empreendidas pela entidade para barrar o golpe contra os trabalhadores?

Lucineide Varjão - Para combater esta guinada política para a direita e impedir a retirada de direitos históricos da classe trabalhadora, precisamos estar vigilantes o tempo todo, pois, a cada dia vemos este governo ilegítimo, a Câmara dos Deputados e o Senado prepararem e aprovarem medidas que mexem diretamente com a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, vide as ameaças de reformas na Previdência e na legislação trabalhista com o objetivo de flexibilizar e retirar direitos. A CNQ-CUT vem participando ativamente das diversas atividades e manifestações convocadas pela Frente Brasil Popular contra o golpe em defesa dos direitos e da democracia, e segue a orientação da CUT de conclamar os sindicatos filiados à preparação de uma greve geral construída nas bases, junto aos trabalhadores e trabalhadoras, pois esse ataque aos nossos direitos e conquistas não pode ser enfrentado de forma isolada, exige um movimento conjunto. Daí a necessidade de preparar a greve geral num diálogo intenso com os trabalhadores e trabalhadoras da base.

Grave -  Quais são os reflexos da crise econômica - também política - no ramo químico, incluindo o setor plástico?

Lucineide – Hoje, o País hoje sofre os impactos da desaceleração do crescimento econômico da China e de outras potências, que somado à grave crise política em consequência dos desdobramentos da Operação Lava Jato, têm afetado diretamente o setor produtivo nacional. O resultado é a queda brutal na produção industrial, no consumo e perda de postos de trabalho inclusive no ramo químico. Na cadeia da indústria química, de maio de 2015 a abril deste ano houve desempenho negativo nos índices que medem a demanda do mercado local. As vendas internas caíram em torno de 7% e o índice de utilização de máquinas e equipamentos também está em queda. A queda na produtividade reflete no desemprego. Houve diminuição de postos de trabalho em todos os setores do ramo químico, exceto farmacêuticos, higiene pessoal e produtos de limpeza. No setor Plástico, 4.100 postos de trabalho foram fechados este ano. Se considerarmos o período de janeiro de 2015 a maio deste ano, o Ramo Químico perdeu quase 86 mil postos de trabalho.

Grave - Qual é o papel desempenhado pela CNQ-CUT na campanha salarial unificada das categorias com data base no segundo semestre convocada pela CUT?

Lucineide - O ramo químico tem um peso grande nas negociações do segundo semestre, pois, as categorias que estão ou vão iniciar as campanhas reivindicatórias têm um peso significativo no PIB brasileiro. Na última reunião da direção executiva da Confederação, ficou latente a importância e a necessidade de campanhas salariais reivindicatórias unificadas neste segundo semestre.  Sendo assim, a direção executiva deliberou por realizar uma reunião dos técnicos do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômico) dos sindicatos do ramo que têm subseção e, na sequência, uma reunião dos dirigentes sindicais, no dia 20 de julho, em São Paulo. Nessa reunião serão discutidas as diferentes situações: as pautas das campanhas salariais do ramo no segundo semestre, o Congresso da classe trabalhadora convocada pela CUT e, também, aprofundaremos o debate sobre a participação do ramo químico na organização da greve geral proposta pela Central.

Grave - Já existe uma pauta nacional? Que pontos podem ser destacados?

Lucineide - Na reunião realizada pela CUT para unificação dos ramos nas campanhas salariais do segundo semestre foi aprovada a elaboração de um manifesto conjunto, que será divulgado no ato do lançamento das campanhas, no dia 28 de julho, em São Paulo, em frente à FIESP. O documento está em construção e a unificação se dará em torno do eixo Nenhum Direito a Menos, o que inclui o combate à terceirização irrestrita, ao aumento da idade para aposentadoria e à tentativa de restringir direitos através da negociação coletiva (prevalência do negociado sobre o legislado), entre outros pontos importantes.

Grave -  Que ações estão sendo realizadas pela CNQ-CUT, junto com a CUT, para a realização da greve geral da classe trabalhadora?

Lucineide - Nos próximos dias, reuniremos os representantes dos sindicatos filiados para organizar a campanha salarial unificada dos ramos onde vamos também dialogar sobre as propostas da CUT para a construção da greve geral, que passa fundamentalmente pela adesão dos trabalhadores e trabalhadoras da base. As outras orientações são a realização de assembleias nos sindicatos até 31 de julho; participação no encontro/Congresso da classe trabalhadora (ainda sem data e local definido); e a unidade efetiva dos sindicatos na campanha unificada, cuja participação e engajamento serão fundamentais no processo de construção da greve geral. Outras ações são a pressão sobre o Congresso contra a aprovação de projetos que retiram direitos da classe trabalhadora e participação nos atos e manifestações de caráter regional e setorial contra o golpe.