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02 de Fevereiro de 2021

Brasil tinha boa distribuição de vacinas, o que mudou?


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Os problemas de logística para a distribuição da vacina contra a Covid-19 não seriam tão caóticos se o governo golpista de Michel Temer não tivesse fechado  a Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), para contratar uma empresa privada, a VTCLog, do grupo Voetur.

A má-gestão da armazenagem, controle e distribuição de todas as vacinas, soros, medicamentos, praguicidas, kits para diagnóstico laboratorial e outros insumos do Ministério da Saúde, incluindo os da Covid-19, é consequência nefasta do fechamento da Cenadi, que tinha expertise nacional conquistado há décadas.

O Brasil sempre foi reconhecido internacionalmente como exemplo de eficiência nas campanhas de vacinação. Agora,desde 2019, a empresa privada VTCLog controla o estoque e também monitora a entrada de imunobiológicos adquiridos pelo país no exterior, como as vacinas contra a Covid-19 e os insumos necessários para a sua fabricação.

João Leonel Estery, coordenador da Cenadi de 1996 a 2016, contou em entrevista à Folha de S.Paulo do último domingo (31):“Tínhamos a estratégia toda pronta, tecnologia de ponta e criamos um transporte com perda de vacinas quase zero. Botaram para fora técnicos altamente qualificados, todos com o curso de especialização em rede de frios que criamos com a Fiocruz”, afirma.

"Acredito que a logística de imunobiológicos teve uma perda substancial, a estrutura da Cenadi funcionava muito bem”, declarou Ricardo Gadelha, que foi gerente da gestão de insumos do PNI até 2018.

A reportagem informa que valor do contrato com a VTCLog é de R$ 97 milhões anuais e vai de 2019 até 2023. O Ministério da Saúde não respondeu quanto era gasto com a Cenadi. A antiga direção da central informou à ‘Folha’ que os custos anuais da central somaram R$ 120 milhões em 2018. 

Bolsonaro tentou privatizar UBS
 

Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentaram acabar com as Unidades Básicas de Saúde (UBS) em outubro do ano passado, via decreto, em plena pandemia. Graças a uma forte reação de deputados da oposição e lideranças políticas o decreto nº 10.530  foi revogado dois dias após sua publicação no Diário Oficial da União. Ele determinava à equipe econômica que criasse um modelo de privatização por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) criado em 2016 por Temer.

As UBS foram criadas para atender até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para outros serviços como emergências e hospitais públicos. Ou seja, são a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

Imediatamente, os deputados federais Alexandre Padilha (PT-SP), Rogério Correia (PT-MG) e Maria do Rosário (PT-RS) assinaram e protocolaram, juntamente com outros deputados do PCdoB, um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) – instrumento que tem o poder de suspender imediatamente os efeitos de um decreto presidencial.

Manaus sem oxigênio

No último dia 20, o PT protocolou uma nova manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), que pertence à Petrobras, e que poderia estar produzindo oxigênio para atender às necessidades do país, mas segue fechada desde janeiro de 2020.

"Um verdadeiro absurdo este descaso com o povo. Não há como negar que este governo é genocida e faz tudo para beneficiar a iniciativa privada e lascar o povo", afirma André Alves, secretário de Saúde da Fetquim.