Morreu no sábado (2/02) o incansável lutador da categoria química de SP, da CUT e do PT, Agenor Narciso, com 87 anos, vítima de um AVC. Ele deixa os filhos Sérgio, Márcio, Márcia e Tereza Cristina e netos, além de um amplo legado para toda a categoria química.
Agenor foi diretor do Sindicato dos Químicos desde 1978, e em 1982, encabeçou a chapa de oposição pró-CUT, com dezenas de outros companheiros, recuperando o Sindicato dos Químicos para a Luta contra o arrocho salarial, melhores condições de trabalho e as perseguições ocorridas durante a ditadura militar. Presidiu o Sindicato dos Químicos do ABC de 1982 a 1991. Era dinâmico e com seus discursos vibrantes e estridentes nas portas de fábrica e assembleias da categoria recuperou a história de luta dos químicos do ABC paulista.
Presente na maioria das lutas importantes da categoria química e da CUT no Estado de São Paulo. Foi trabalhador da antiga Fontoura, local onde hoje temos a Colgate-Palmolive. Participante ativo das greves da categoria nos anos de 1980, por inúmeros reajustes salariais, melhorias das condições de trabalho, alavancou a primeira greve inédita dos químicos por mais saúde, que foi da Ferro Enamel em 1984, da Matarazzo Química de São Caetano, Solvay, entre inumeráveis greves. Além de outras diversas greves na Fontoura, a maior fábrica naquela época com mais de 4 mil trabalhadores.
No PT
Em 1985 em uma das poucas viagens internacionais que teve a oportunidade de fazer, conheceu pessoalmente Fidel Castro, o revolucionário cubano. Participante ativo da fundação do DIESAT desde o ano de 1980, das oposições sindicais cutistas e fundador em 1980 do PT, que neste mês completa 39 anos. Foi candidato a deputado estadual por duas vezes pelo PT, angariando cerca de 14 mil votos. Construtor da CUT Nacional, sendo diretor da sua primeira direção, e disponibilizando a antiga sede do Sindicato na Lino Jardim como a primeira Sede da Cut Nacional. Foi tesoureiro da CUT Estadual a partir de 1985, organizando as regionais da mesma em todo o Estado de São Paulo. Participante ativo do PT de Santo André.
Nos últimos 20 anos morava em Dracena no interior de São Paulo, e tinha sido candidato a vereador do PT daquela cidade em duas ocasiões. Um lutador incansável, aquele lutador permanente e imprescindível nas palavras de Bertold Bretch.
Enquanto trabalhador era ativo na luta sindical e como cidadão atuava na política por um mundo melhor e na distribuição de renda. Sem dúvida um exemplo pra nós de que a luta deve ser permanente, não importa o lugar ou ocasião, e neste momento difícil da conjuntura nacional deverá estar presente na nossa memória para dar continuidade à luta contra o retrocesso de direitos do novo governo.
Esteve presente em diversos momentos também em Brasília, na construção de uma constituinte popular, livre e soberana, garantindo os direitos dos trabalhadores da atual Constituição Federal que o atual governo quer dilapidar. Toda a luta da categoria química e sua história, com depoimentos pessoais dele, estão contidos no Livro dos 70 anos do Sindicato dos Químicos do ABC, organizado pelo historiador Ademir Médici.
Para todos os trabalhadores da categoria química, a todos os atuais diretores do Sindicato, a todos os ex-diretores desde 1982 é uma perda inestimável. Agenor Narciso sempre presente na luta da categoria, da CUT e do PT.