O dia 7 de setembro será marcado mais uma vez por manifestações populares em todo o país como parte do já tradicional Grito dos Excluídos e das Excluídas, que em 2023 chega à sua 29ª edição.
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Se no ano passado os movimentos sociais saíram para as ruas questionando "Independência para quem?", em alusão aos 200 anos da Independência Brasileira em 2022, este ano, com o país tendo um governo democrático e entrando em um novo caminho em que a reconstrução é o principal espírito do povo brasileiro, o lema é “Você tem fome e sede de quê”?
Com essa bandeira, as entidades falam sobre o acesso à água, o fim da fome e a garantia da justiça social. O tema permanente do Grito é “Vida em Primeiro Lugar”.
O objetivo é propor uma reflexão sobre as principais demandas das populações mais vulneráveis e giram em torno de pautas prioritárias para a sociedade como sanar a fome de milhões de brasileiros e brasileiras – os maios impactados com a política genocida dos quatro anos anteriores, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Mas a fome e a sede a que se refere o lema vai além. “O grito quer provocar um olhar à fome que hoje está nas comunidades, nos bairros, no campo, nas cidades. É a fome de comida sim, do arroz, do feijão, sobre a necessária segurança alimentar do país, com alimentos de qualidade, produzidos pela nossa agricultura familiar”, explica Rosilene Wansetto, da coordenação nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas.
E ela prossegue. “Entra o debate de quais outras fomes e sedes temos. É a fome da reforma agrária, a sede de justiça, de trabalho digno sem a exploração predatória da uberização, sem a precarização da vida ao extremo em que trabalhadores vivem praticamente sem nenhum direito”.
Além disso, ainda segundo Rosilene, o Grito tem como direcionamento mazelas estruturais como o racismo, o machismo, o patriarcado e temas que afetam os povos originários.
“É a fome de justiça, de liberdade, de direitos à população negra. O Grito traz a partir de tudo isso a motivação, o incentivo para que possamos esperançar e reconstruir o país, para superar as desigualdades com participação popular, com direitos constituídos, como o direito à terra, à alimentação, à moradia, com distribuição e renda tributação dos mais ricos”, ela pontua.
O Grito em 2023 em todo o país
As manifestações acontecem anualmente, sempre no dia 7 setembro, como contraponto ao Grito da Independência, que foi proclamado por um representante da família real portuguesa. A ideia é levar para as ruas e praças os gritos silenciados que vêm dos campos, porões e periferias da sociedade.
Além das atividades no dia 7, várias localidades terão outras mobilizações nos dias anteriores (como na capital maranhense, São Luís) e, eventualmente, em datas posteriores.
Confira os locais e horários das atividades em São Paulo:
São Paulo (SP) - 8h - café da manhã com pessoas em situação de rua, Praça da Sé. Ato público às 9h na Praça Oswaldo Cruz (avenida Paulista), com caminhada até o Ibirapuera
Campinas (SP) - 9h - Praça Largo do Pará
São Bernardo do Campo (SP) - 8h - missa na Igreja Matriz
São José dos Campos (SP) - 8h - em frente à Matriz de São José, no centro