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O capital não pode ser controlado. Afinal, o que é utopia?

Em estudo divulgado no começo do ano pela ONG britânica Oxfam, em 2016 1% dos mais ricos da população mundial terão mais dinheiro do que os outros 99% juntos. Se tratando de capitalismo, não existe nenhuma novidade, afinal o sistema é baseado na exploração do trabalho coletivo e apropriação privada do resultado, em outras palavras, trabalhamos para aumentar o lucro do patrão.

O filósofo húngaro István Mészáros argumenta que a crise pela qual passa o capitalismo hoje é estrutural, profunda e cada vez mais grave. As consequências para os trabalhadores é bem conhecida há tempos: 1 - Intensificação da exploração dos trabalhadores; 2 - Redução de direitos. 

O companheiro de militância e de sindicato, Givanildo, sempre gosta de citar o bom e velho Raul Seixas, tão escutado no caminhão de som do sindicato, "Tem gente que passa a vida inteira, travando a inútil luta com os "galhos", sem saber que é lá no tronco que tá o coringa do baralho!". O capital não pode ser controlado e em momentos de avanço da luta dos trabalhadores é possível colocar limites para exploração. Na Europa conseguiu-se construir o Estado de bem estar social, diga-se de passagem, como uma resposta ao avanço do comunismo.

Mas, a partir dai, acreditar que é possível ter um capitalismo mais "humanizado", "controlado", "domesticado" é acreditar em um projeto irrealizável, ou seja, uma utopia. Saint-Simon, Fourier e Robert Owen foram caracterizados como socialistas utópicos, justamente por projetarem que as melhorias pretendidas nas condições de vida dos trabalhadores poderia ser alcançada no âmbito da base estrutural existente da sociedade capitalista.

Portanto acreditar que os trabalhadores terão uma melhor condição de vida duradoura é acreditar em uma utopia, nada mais necessário do que a luta por mudança estrutural radical, a luta pela transformação da sociedade. Uns podem até dizer que não existe correlação de forças para isso, mas correlação de forças não se espera ter, se constroi diariamente nas batalhas que travamos, desde que a nossa ação seja condicionada para isso.

 Temos uma crise a resistir e um mundo a ganhar!

Paulo Soares

Paulo Soares |
Membro da direção da Fetquim