O ano de 2015 quebra uma trajetória positiva na criação de postos de trabalho celetistas no Brasil, foram fechados mais de 1,5 milhão de postos entre janeiro e dezembro daquele ano. A indústria de transformação foi um dos setores mais afetados pela retração da atividade econômica do país e somente a indústria química, que compreende os setores de adubos e fertilizantes; defensivos agrícolas (agrotóxicos); farmacêutico; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; transformados plásticos; químicos para fins industriais e tintas, perdeu cerca de 39.701 postos de emprego em todo o Brasil, sendo 16.211 fechamentos apenas no estado de São Paulo.
Neste primeiro quadrimestre do ano com o agravamento da crise econômica e política – culminando com o golpe contra sobretudo a democracia brasileira – a deterioração no mercado de trabalho permanece. Entre janeiro e abril de 2016, conforme resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho foram fechados em todo país mais de 378 mil empregos celetistas. No estado de São Paulo o saldo negativo ficou em 96.315 vagas.
A indústria química, por sua vez, faz parte de uma ampla cadeia produtiva que envolve outros setores da economia nacional e, desta forma, a queda na atividade industrial de outros setores afeta fortemente a demanda por produtos químicos. Em todo o Brasil, a indústria química perdeu mais de 2.300 postos de trabalho nos quatro primeiros meses do ano, somente o estado paulista fechou 721 postos neste período. Alguns setores, no entanto, sofreram mais com a eliminação destes postos, como é possível verificar na tabela a seguir:
Movimentação de empregos na indústria química do estado de São Paulo, jan. a abr. 2016
Setores |
Saldo Movimentação* |
Adubos e Fertilizantes |
65 |
Defensivos Agrícolas |
-25 |
Farmacêutico |
416 |
Hig. Pessoal, Perf. E Cosméticos |
-89 |
Plástico |
-1.040 |
Químicos Diversos |
111 |
Químicos inorgânicos |
14 |
Químicos orgânicos |
-62 |
Resinas e elasômeros |
-7 |
Tintas |
-104 |
Total |
-721 |
Fonte: Ministério do Trabalho, Caged
Elaboração: DIEESE – Subseção CNQ/FETQUIM
*Inclui declarações fora do prazo
Dentre os setores da indústria química, o setor farmacêutico, de adubos e fertilizantes e a fabricação de químicos diversos e químicos inorgânicos criaram, no primeiro quadrimestre de 2016, um total de 606 postos de emprego formal no estado. No entanto, o saldo do setor, ou seja, a diferença entre admissões e desligamentos, foi negativo em 721, impulsionado, especialmente, pela extinção de vagas nos setores de plástico, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e de tintas, que juntos foram responsáveis pelo corte de 1.233 postos de trabalho na indústria química paulista.
O reflexo desta situação, isto é, do fechamento de postos de trabalho, bem sabemos, é perverso para os trabalhadores, trabalhadoras e para toda a sociedade. O movimento de admissões com salários inferiores aos dos demitidos é prática comum, além das dificuldades nas negociações salarias e incertezas diversas que inibem o efeito multiplicador da renda e, por sua vez, dificultam a retomada do crescimento e desenvolvimento econômico do país. O cenário é preocupante, contudo a FETQUIM permanecerá na luta incessante pela manutenção e geração de empregos, combatendo o trabalho precário e negando qualquer perda de direito trabalhista.