A manifestação é antes de tudo um direito de todos que querem um país melhor, democrático e participativo. É uma forma de ação que um conjunto de pessoas fazem em favor de uma causa ou em protesto contra algo que lhes provocam descontentamento, ou seja, são atos de apoio ou de contestação a determinadas iniciativas de interesse público.
Porém o que vimos nos atos do dia 15, em diversas localidades, principalmente em São Paulo, foi além de manifestações por mudanças, foram ações que combinadas com as diversas expressões dos participantes, insinuavam a tentativa de buscar o poder a qualquer custo. Desfilaram faixas e cartazes que fazendo alusão a “democracia” apoiavam de forma aberta a ruptura institucional com ataques ao regime democrático, convocando a intervenção militar. Infelizmente, estes milhares de manifestantes, talvez por desconhecimento da história do nosso país, assistiram sem nenhum constrangimento a exibição de pedidos para a volta do regime de exceção, inclusive, com dizeres nas línguas inglesa e alemã, o que já é por si só muito revelador.
Diante dessas imagens, incluindo os editoriais das mídias tradicionais no dia seguinte, somente nos resta a expectativa de que as pessoas possam compreender que, independente das nossas escolhas, viver em liberdade sempre foi e sempre será uma das maiores aspirações humana. A liberdade de expressão sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia e exercitá-la é sobretudo, conviver com o igual e o diferente, com a equidade e a diversidade e, consequentemente, com vitórias e derrotas, avanços e retrocessos.
Podemos divergir e ir para as ruas manifestar nossa indignação sempre que o jogo político for desfavorável ou ocasione alguma consequência ruim que não concordamos, mas, devemos aproveitar esta oportunidade para clamar continuamente por liberdade, democracia e participação social como direitos inalienáveis da cidadania, pois, diante de todas as inquietações, angustias e incertezas que vivemos cotidianamente, uma coisa a história nos permite ter plenas convicções, aqueles que na democracia vão para as ruas livremente, pedir a ditadura militar, jamais, retornarão para as mesmas ruas na ditadura militar para exigir a democracia. Lembrar é resistir, ditadura nunca mais!