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Fidel, Químicos e a Revolução Cubana

Fidel estará presente também na memória da categoria química. Em 1985, Fidel Castro recebeu nosso presidente do Sindicato, Agenor Narciso, quando Agenor esteve participando de um seminário sindical conhecendo os resultados da revolução cubana.  No ano seguinte entre 19 a 24 de março de 1986, a convite da Central Sindical Cubana, com  uma delegação de trabalhadores químicos do Brasil (foto),  estive participando do Seminário Latino Americano de Saúde e Segurança do Trabalho com vários sindicatos latino-americanos promovido pela Federação Sindical Mundial e a Federação Sindical Química. Nesta oportunidade estavam presentes, além do Sindicato dos Químicos do ABC (Remi),  representantes do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Sindiquímica Bahia, com o Jaques Wagner, presidente do sindicato, ex-governador da Bahia, ex-Ministro do Trabalho do Governo Lula, e ex-Ministro chefe da Casa Civil do Governo Dilma.

Foi importante, conhecer e viver durante uma semana a experiência da Revolução Cubana. Tínhamos passado pelo Peru, e vimos a intensa miséria daquele país, sem falar na miserabilidade brasileira da época.  Tivemos um choque  ao chegar em Cuba:   nos deparamos  com um povo alegre e defensor em sua grande maioria,  dessa histórica revolução social.  Visitamos uma das escolas profissionais daquele país, intitulada de “Os pioneiros” (foto), onde crianças já no ensino fundamental tinham acesso aos conhecimentos profissionais das principais atividades econômicas exercidas no país.  

Interessante que uma das principais revoluções foi a da Educação com acesso universal de todos  de forma gratuita até o ensino superior das diversas profissões, sendo que os profissionais em ensino superior em maior número sempre foram as profissões ligadas à saúde.   Hoje, apesar de diversas dificuldades existentes naquele país,  há um médico para cada 640 habitantes, um dos índices mais elevados no mundo. Saúde é referência mundial, reconhecida até por adversários do regime cubano, e esse grande número de profissionais permitiu que o mais médico aqui no Brasil pudesse contar com profissionais de saúde cubanos nos mais distantes municípios pobres de nosso país.

O grande programa de habitação popular cubana permitiu que todos tivessem acesso às casas e apartamentos, casas simples, porém funcionais e cômodas. Estive visitando uma família que trabalhava na Indústria de Vidro, e surpresa de toda a delegação brasileira, era que adoravam o  Roberto Carlos. Até como cortesia, nos receberam com uma das  músicas de Roberto Carlos em espanhol. Nós outros, “combativos”, dizíamos que apreciávamos Chico Buarque, mas tanto o coração brasileiro como cubano era romântico, por isso essa forte inserção de Roberto Carlos na sociedade cubana. Sem dúvida, fazia parte da “ternura” revolucionária dos cubanos.

Outra revolução foi a erradicação da fome e do analfabetismo já no primeiro ano da revolução em 1959 que persiste até os dias de hoje. Todos os cidadãos tiveram a garantia de uma cesta básica universal, que apesar das adversidades e do bloqueio econômico americano, permitiu que todos os cubanos tivessem comida suficiente. Um Senhor, com 60 anos, que trabalhava no hotel onde estávamos hospedados afirmava para nós, que antes da Revolução boa parte do povo cubano passava fome!

Como dizia Fidel Castro uma revolução se faz por idéias, e a idéia central da revolução cubana era para que todos tivessem acesso universal às necessidades básicas como saúde, educação, habitação e alimentação entre outras. Segundo Fidel: “ O futuro da humanidade deverá ser uma sociedade  onde o homem não seja inimigo do homem, o homem roubando o homem.  Algum dia os homens terão de viver como irmãos, e viver num regime social diferente. Um regime que pode dar lugar a que a humanidade seja, alguma vez, uma só família. Que sobreviva aos perigos, às ameaças de guerra, à poluição do meio ambiente. Devemos sobreviver apesar dos erros dos políticos e da estupidez dos políticos.”

Essas palavras nos levam à reflexão do atual momento político, em que  políticos conservadores e canalhas querem impor uma pauta de menos educação, saúde, habitação, alimentação entre outros temas como a PEC 55!!!    Xô governo Temer  golpista!!!!!

 

Remígio Todeschini

Remígio Todeschini |
Pesquisador de saúde, trabalho e previdência da UNB e assessor da Fetquim-SP