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31 de Agosto de 2020

Yara retira direitos apesar de não sofrer o impacto da pandemia


Escrito por: Químicos Unificados de Campinas e Osasco


Químicos Unificados de Campinas e Osasco
Legenda: Foto tirada antes da pandemia

Enquanto o mercado de fertilizantes está em franco crescimento e a venda de alimentos continua em alta durante a pandemia, a Yara, em Paulínia, tenta retirar direitos dos trabalhadores. O Sindicato Químicos Unificados é contra a assinatura do acordo de PLR proposto pela empresa, que acaba com o pagamento de valor mínimo de PLR, fim da antecipação do valor e nem mesmo cumprir com o valor acordado em nossa Convenção coletiva.

Os números de mercado mostram muito bem como a Yara só visa o lucro e não a vida do trabalhador, que é o verdadeiro responsável pelo bom desempenho da empresa. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, sendo responsável por, em média, 8% do consumo mundial. Só no ano de 2019, foram entregues 36 milhões de toneladas de fertilizantes no mercado brasileiro. Isso significa um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.

Este ano, no primeiro trimestre, já foram entregues 7,5 milhões de toneladas de fertilizantes no país, o que representa um crescimento de mais de 13% em relação ao mesmo período no ano passado. A projeção para este ano é de 1,5% de crescimento, com o consumo nacional de fertilizantes chegando a 36,7 milhões de toneladas.

No Brasil, a Yara controla 25% do mercado de fertilizantes. Segundo o economista do Sindicato Químicos Unificados, em 2019, o lucro líquido da empresa somou US$ 599 milhões. No ano anterior, era de 159 milhões de dólares, representando um crescimento de 201%.

Os custos fixos no Brasil, segundo a Yara, foram menores em 2019 ante 2018. Ou seja, compensou a diminuição de volume com aumento de margem. Para aumentar margem, é necessário aumentar preço, de um lado, e reduz custos (salários entre eles) de outro.

Sem impactos na pandemia

Em termos de volumes, a Yara reportou uma redução de 2% em razão da diminuição das entregas no Brasil. Contudo, a companhia disse que suas margens de comercialização aumentaram 2% na comparação anual, em razão de uma melhora no mix de produtos enviados. A empresa declarou recentemente que seu ambiente de negócios continua robusto e registrou lucros no segundo trimestre ligeiramente acima das expectativas.

YARA RETIRA PLR MÍNIMA E ANTECIPAÇÃO

A fábrica de fertilizantes tem feito de tudo para retirar direito dos trabalhadores da unidade em Paulínia. Este ano, também não incluiu o trabalhador de chão de fábrica para representar na Comissão da PLR, formada todos os anos. Muito pelo contrário, a própria empresa indicou pessoas com cargo de confiança para votar na comissão, demonstrando de forma clara que não houve nenhum interesse em ter representantes dos trabalhadores.

Até 2019, os trabalhadores e trabalhadoras tinham garantido R$2.250,00 de PLR todos os anos. Além disso, recebiam uma antecipação de R$1.700,00 e na data base recebiam o restante. Este ano, apesar de todo o lucro demonstrado pela própria empresa, a Yara declarou que não irá garantir nem mesmo o mínimo previsto na Convenção Coletiva de Trabalho que garante R$1.100,00.

A empresa informou também que aqueles com cargos de liderança irão receber PLR diferenciado em relação àqueles que trabalham na produção. Além disso, colocaram diversos empecilhos para que os trabalhadores não possam receber a participação nos lucros: faltas injustificadas, avaliação individual implementada e regra de ouro podem fazer com que o trabalho não receba nada ou tenha o valor descontado.

Outros direitos

Não é de hoje que a empresa vem atacando outros direitos dos trabalhadores. Esse ano a empresa restringiu o uso do cartão “Good Card”, que antes poderia ser usado para o pagamento em postos de gasolina, farmácia e mercados e depois era descontado no pagamento.

Esta retirada de direitos tem sido uma prática recorrente pela administração da Yara em todas as plantas da empresa, não apenas em Paulínia. O Sindicato avalia que estão utilizando este momento de pandemia do coronavírus, em que os dirigentes e trabalhadores não podem se reunir para a realização de assembleia e mobilização, para retirar direitos enquanto a empresa continua lucrando, conforme demonstrado nas informações acima.

Aproveitar-se deste momento para retirar direitos é acreditar que o lucro está acima da vida! Trabalhadores, é preciso organização para junto com o Sindicato lutar pelos seus direitos! Nenhum direto a menos. Estamos juntos na luta!