“Tudo está difícil por que o Brasil está preso em Curitiba por uma justiça que pune aqueles que defendem os interesses da classe trabalhadora”, pontuou o representante da Frente Nacional de Prefeitos, Ângelo Perugini, prefeito de Hortolândia.
Perugini compôs o painel de abertura do Seminário Desafios da indústria no Brasil e os Trabalhadores e Trabalhadoras, que está sendo realizado no centro da capital paulista nestes dias 13 e 14 de junho para debater e elaborar propostas para o setor industrial brasileiro.
O discurso comum na abertura do Seminário tratou da urgência em recuperar o ambiente democrático para que seja possível retomar e evoluir nas políticas públicas que impulsionem a retomada do crescimento econômico com justiça social.
Hoje, o cenário do setor industrial está marcado pela desindustrialização e desmonte das empresas estatais estratégicas e frente a um horizonte de profundas transformações tecnológicas impulsionadas pela chamada Indústria 4.0.
“Serão dois dias de intensos debates pois necessitamos de estratégias capazes de unir trabalhadores, empresários e agentes públicos para tirar o Brasil do buraco e recolocá-lo na trilha do desenvolvimento econômico", explicou Cida Tajano, coordenadora do Macrossetor Indústria da CUT, responsável pela organização do evento, em parceria com o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID Brasil) e apoio da Fundação Perseu Abramo.
Mediocridade no comando do País
Convidado para mediar todas os painéis deste primeiro dia de Seminário, o jornalista econômico Luis Nassif saudou os presentes dizendo que estamos passando por uma draga, mas a boa notícia é que esse pessoal que assumiu o governo com a bandeira do neoliberalismo não sabe o que fazer.
“É uma mediocridade sem tamanho. Eles estão junto com uma quadrilha – a do Temer - fizeram um estrago enorme sem pensar num projeto”, comentou. “No Governo Lula, um dos grandes fatores para crescimento foi a formalização do trabalho e eles simplesmente desmontaram isso com a reforma trabalhista. A pejotização vai gerar um enorme buraco na arrecadação, um desestímulo econômico e eles não têm nada para colocar no lugar. Torraram o BNDES do mercado, mas não tinham nenhuma alternativa. Um desmonte total”, prosseguiu.
Para ele, estamos em tempo de guerra e que agora é hora da defesa intransigente da libertação e candidatura da Lula, “para depois que essa mediocridade for varrida do comando do país, a gente recuperar o pacto social que chegamos a ter. O que temos de grande vantagem é a inteligência distribuída em muitos fóruns, nas universidades, que estão pulverizadas. No campo conservador, eles não têm nada”.
Brasil precisa de empresas fortes
O presidente do TID Brasil, Rafael Marques, lembrou aos presentes que para além da crise que estamos vivendo há os desafios da chamada Industria 4.0, com o profundo impacto das tecnologias dentro do ambiente de trabalho.
“Não podemos carregar todas as nossas esperanças nas eleições, temos que mergulhar muito na luta como um todo para construir não só uma eleição bem-sucedida, mas construir um país bem-sucedido”, observou. “Precisamos de empresas nacionais fortes e é necessário ter unidade no campo progressista para construir políticas públicas e reconstruir a esperança no nosso país”.
CNQ presente
O público que lotou o auditório do Hotel Dan Inn Planalto, no centro de São Paulo, neste primeiro dia do Seminário é formado prioritariamente por dirigentes e assessores sindicais dos ramos químico, vestuário, metalúrgico, construção civil, alimentação e Eletricitários/Sinergia.
Além de criar uma consciência de que também é papel dos trabalhadores discutir, debater e elaborar propostas para o crescimento industrial, o Seminário pretende ser uma ferramenta importante para a construção de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da indústria nacional que serão apresentadas para compor o programa de governo da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na tarde desta quinta-feira, 14, segundo e último dia do Seminário, a presidenta da CNQ Lucineide Varjão apresentará a situação das indústrias do ramo químico no painel que contará com a participação de Valter Sanches (IndustriALL Global Union) e dos demais setores que compõem o Macrossetor Indústria da CUT.