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04 de Julho de 2018

Solidariedade marca encontro entre químicos da Turquia e químicos de SP


Escrito por: Fetquim


Fetquim
Crédito: Dino Santos

Uma delegação de dirigentes do Sindicato dos Químicos da Turquia (Petrol-Is) esteve ontem na sede da Fetquim e CNQ-CUT para trocar experiências e desafios diante da globalização, perda de empregos e “entrega” de empresas nacionais de petróleo, gás, química, petroquímica, ao capital internacional.

“O futuro está na união entre trabalhadores de todo o mundo. Se compreendermos bem as mudanças da globalização e nos organizarmos, se houver solidariedade entre os trabalhadores, como estamos fazendo aqui, teremos como resistir, manter e gerar empregos”, afirmou Unal  Akbulut, secretário geral de administração da Petrol-Is. 

Semelhanças entre Brasil e Turquia

Os dirigentes turcos se espantaram com a complexidade da organização sindical no Brasil, mas destacaram as semelhanças entre os dois países.

Mustafa Mesut Tekik, secretário geral de organização e formação sindical da Petrol-Is, explicou que atualmente a Turquia produz  10% do seu petróleo e derivados, o restante (90%) é importado – para garantir lucro às transnacionais.

“Nossa política é bem parecida com a do Brasil, bem como as dificuldades diante da globalização e enfrentamento aos ataques neoliberais, como, por exemplo, o que vocês estão enfrentando agora na Petrobras”, completou Akbulut.

Até o ano 2000, três em cada quatro trabalhadores turcos do ramo químico (que lá compreende óleo, gás, petróleo, borracha, plástico, peças automotivas, farmacêutico, explosivos e fertilizantes) estavam no setor público e hoje, como consequência das privatizações, essa relação se inverteu: de cada cinco trabalhadores, quatro estão no setor privado.

O setor de petróleo turco também o mais é afetado pelas novas tecnologias, primeiro com um grande número de demissões, depois com a extinção de postos de trabalho e atualmente com a precarização, resultante da terceirização e subcontratação, que exigem dos trabalhadores jornadas extenuantes e condições de trabalho semelhantes à escravidão.

Erhan Kaplan, responsável pela formação sindical do Petrol-Is, contou que o maior desafio lá está no setor farmacêutico, por conta da terceirização, quarteirização, e flexibilidade de jornada - onde 75% da categoria não está organizada.

Troca de experiências 

O coordenador político da Fetquim, Aírton Cano, elogiou a troca de experiências e se dispôs a passar mais detalhes sobre a luta no ramo farmacêutico em São Paulo, uma vez que as empresas são exatamente as mesmas: Bayer,Sanofi, Sandoz, Novartis, Aventis, Roche, entre outras.

A delegação turca veio acompanhada do assessor de políticas públicas e sociais do Sindicato dos Químicos do ABC, Nilton Freitas, e foi recebida pela presidenta da CNQ, Lucineide Varjão: “Foi um diálogo muito enriquecedor. Agradeço imensamente a visita dos companheiros e a CNQ está à disposição para um intercâmbio de informações no setor farmacêutico, por exemplo, e aproximação entre os dirigentes para a solidariedade internacional”.

A Petrol-Is é um sindicato nacional, que representa trabalhadores dos setores petróleo, gás, químico, borracha, farmacêutica, peças automotivas, fertilizantes e explosivos. Tem 16 sub-regionais, localizadas nas principais cidades turcas. A entidade foi criada há 68 anos, em 1950, e hoje tem 32 mil associados (cerca de 15% da base) e organizado em 100 empresas. No ramo químico da Turquia há outro sindical nacional, o do setor plástico, com 10 mil associados.

O encontro entre químicos da Turquia e químicos de SP  faz parte de uma etapa do intercâmbio de cooperação internacional realizado entre a Petrol-IS com o Sindicato dos Químicos do ABC.

Seminário no ABC

Na próxima quinta-feira, 5 de julho, será realizado na sede do Sindicato dos Químicos do ABC, em Santo André, um seminário conjunto para dialogo sobre temas como o golpe no Brasil e a tentativa de golpe na Turquia, a situação política nos dois países e quais as perspectivas para os trabalhadores. Participe!