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15 de Março de 2023

Representação sindical da mulher avançou no Brasil


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Apesar do machismo no meio sindical parecer ainda bastante arraigado, a economista Marilane Teixeira, presente no Encontro de Mulheres da Fetquim realizado na última terça-feira (14), citou uma recente pesquisa realizada entre países na América Latina sobre a participação de mulheres sindicalistas e revelou que o Brasil foi o país onde mais aconteceram avanços.

A paridade de representação nas centrais, inaugurada pela CUT, avançou no meio sindical e foi seguida - por enquanto - apenas pela Intersindical e Conlutas. “O fato de as mulheres terem entrado no meio sindical na composição da diretoria das centrais conseguiu pautar o tema feminino com mais centralidade nos sindicatos”, afirma.

No Chile, por exemplo, a cota das mulheres é assegurada em lei, no Brasil, não. É uma determinação de cada central.

Apesar do avanço, o movimento sindical ainda reproduz a lógica de como o mercado de trabalho está estruturado, considerando que as mulheres estão nos setores mais precários e desorganizados sindicalmente, exceto o setor público. As categorias mais estruturadas e organizadas sindicalmente ainda são compostas, na maioria, por homens.

“Nas Executivas, todas as composições são de mulheres, nas áreas de saúde, secretaria de mulheres, criança e adolescente, racial, juventude. Praticamente inexiste secretaria geral, presidência, vice presidência e tesouraria para as mulheres. Os homens  reiteram nas Executivas o lugar delas no mundo do trabalho”, explicou a economista.

Exceção na Intersindical

A  Intersindical Central da Classe Trabalhadora , por exemplo, acaba de se tornar a primeira central sindical do País a eleger uma mulher para o cargo máximo da entidade, a secretaria geral. E a representante é uma mulher química, Nilza Pereira Almeida, secretária de Comunicação da Fetquim.

Nilza construiu a fundação da Fetquim, esteve nos carros de som, nas principais lutas desde 1989, em sua participação ativa nos Unificados de Osasco e agora é a voz feminina no fórum das centrais, reuniões no Ministério do Trabalho e representações nacionais de trabalhadores e trabalhadoras. 

“É um orgulho e um exemplo para todas nós, de que podemos e devemos ocupar cargos estratégicos em todos os espaços da vida humana, mas principalmente em nosso meio sindical”, afirma Rosângela Paranhos, secretária da Mulher Trabalhadora da Fetquim.

Mulheres são tão sindicalizadas quanto os homens

Dados de 2014 sugerem que há um equilíbrio nas taxas de sindicalização entre os sexos, o que descontrói o argumento de que as mulheres estão menos propensas a se associarem a algum sindicato. Se considerarmos a população sindicalizada a partir dos 18 anos de idade, as mulheres representam 18,1% e os homens 17,8% do total de pessoas associadas.