Reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico no último dia 16 de fevereiro mostra que depois de a indústria farmacêutica crescer 11,5% em receita em 2017, acima do esperado, a expectativa do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) é de que a expansão de 2018 seja de 8% até dezembro.
"Ano eleitoral nunca é fácil para o setor, mas estamos confiantes no crescimento do país, para minimizar as pressões de custos e a queda da lucratividade", disse em entrevista o presidente-executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.
De acordo com a reportagem, diante da baixa inflação, os laboratórios já sabem que o reajuste anual autorizado pelo governo federal para os preços de medicamentos em 2018 será um dos menores dos últimos anos. Ao mesmo tempo, em períodos eleitorais, o poder público se esforça para que não falte remédio à população, mas ações de responsabilidade fiscal podem atrapalhar essa meta, bem como as negociações com a indústria farmacêutica.
"Os custos de produção continuam comprimindo as margens e a pressão do Ministério da Saúde para reduções de preços pode afetar ainda mais a lucratividade das empresas", afirmou o executivo ao Valor, que fez questão de ressaltar na reportagem o discurso direitista de corte de direitos e da reforma da previdência.
Números da inústria farmacêutica
No primeiro mês do ano, as vendas de remédios nas farmácias brasileiras cresceram em receita e em volume na comparação anual. Segundo dados da consultoria IQVIA (ex-QuintilesIMS), no mês passado foram vendidas no país 319,7 milhões de unidades, alta de 9,8% frente a janeiro de 2017. Em 12 meses, o crescimento acumulado foi de 6,1%.
Em receita, considerando-se os descontos concedidos (PPP, do inglês Pharmacy Purchase Price), as vendas subiram 13,6% em janeiro, na comparação anual, para R$ 4,73 bilhões, mas caíram 4,5% ante dezembro.
No acumulado de fevereiro ao primeiro mês deste ano, o crescimento foi de 11,5%. Em todo o ano passado, a receita no varejo farmacêutico cresceu os mesmos 11,5% vistos até o mês passado, enquanto em unidades a alta foi de 6,12%.
Patrões choramingam
O crescimento de cerca de 10% do faturamento líquido da indústria, pondera o presidente do Sindusfarma, não significa que o setor esteja "navegando por águas tranquilas". "As vendas em unidades não têm acompanhado a espiral demográfica, o que é sempre um problema quando se olha para o futuro".
Os dados da IQVIA mostram ainda que os genéricos se mantêm como motor da expansão das vendas de medicamentos. Em janeiro, foram vendidas cerca de 105 milhões de unidades de genéricos no país, alta de 12,3% na comparação com o mesmo mês de 2017. Ante dezembro, porém, houve queda de 3,3%. Em receita, as vendas de genéricos subiram 17,7% no primeiro mês do ano, na comparação anual, para R$ 630,6 milhões, mas caíram 4,29% frente a dezembro.
Segundo previsão da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), o reajuste autorizado pelo governo neste ano deve ficar entre os mais baixos dos últimos 13 anos. Conforme a entidade, o menor índice médio de reajuste desde 2005 foi de 1,49%, em 2007, seguido por 2,18% em 2012.
Nesses anos, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até março, que é usado na fórmula de preços, foi de 3,02% e 5,85%, respectivamente - para se ter uma ideia aproximada, em 2017, o IPCA ficou em 2,94%.