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14 de Abril de 2016

Problemas e propostas em Seminário sobre os Rumos da Indústria no ABC


 

O presidente do Sindicato dos Químicos do ABC Raimundo Suzart participou na manhã deste dia 12 de abril de 2016 do seminário “Os Rumos da Indústria no Grande ABC”, promovido pelo Jornal Diário do Grande ABC, Braskem, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e a Agencia de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.

Para o presidente do Sindicato a iniciativa dos organizadores do evento é bem-vinda, sintonizada com o presente e o futuro, pois o Brasil vive um momento propício para o debate dos grandes temas da nação. Entre eles, considerou urgente discutir a retomada do desenvolvimento da indústria brasileira de forma sustentável, com diálogo social e trabalho decente. E o objetivo principal do seminário é justamente apresentar alternativas positivas para que a região supere esta fase da crise internacional que afeta a economia nacional, da melhor maneira possível.

Segundo Suzart "O ABC não está desindustrializando. Na região a indústria foi responsável diretamente por 25,2% do emprego em fevereiro de 2016, 40% do valor adicionado e grande parte da arrendação municipal. A conjuntura econômica de 2016 é diferente da de 2015, a previsão de inflação para 2016 é de 7%, e em 2015 a inflação totalizou 11,3%."

Também destacou que "a política cambial em 2016 também é outra. Com o real mais barato os produtos brasileiros estão mais competitivos internacionalmente, o que beneficia diretamente a CBC e favorece a expansão das exportações e a substituição de importações. O setor de cosméticos brasileiro, por exemplo, importa embalagens plásticas, setor este que é um dos maiores do mundo. A balança comercial química é deficitária, no entanto a balança comercial brasileira, que era deficitária, hoje é superavitária."

Os trabalhadores químicos do ABC fizeram nos últimos anos um amplo debate sobre a política industrial e possuem propostas para viabilizar a retomada do crescimento sustentável da indústria química com geração de empregos, com mais proteção social, mais diálogo dentro da fábrica, mais segurança contra a demissão imotivada, menos sujeito a pressões e assédios de toda ordem, com jornada de trabalho equilibrada com a vida social e familiar, com locais de trabalho mais seguros e saudáveis. Esta é a indústria química que queremos.

A reestruturação produtiva da indústria química no Brasil, marcada por fusões e aquisições, continua a ocorrer, mesmo com a crise internacional e o diálogo social sobre este processo de concentração tem muito o que avançar. Raimundo destacou em sua intervenção a situação inusitada que vivem os trabalhadores da Solvay Indupa, localizada em Santo André. "Depois do anúncio de reestruturação e venda dos ativos da empresa, passam-se meses e anos sem uma solução, o que é triste, pois a Solvay representa capacidade instalada de produção no polo e gera empregos diretos e indiretos em grande escala. Não poderia haver esta indefinição", frisou Raimundo Suzart.

O destaque principal na intervenção do presidente do Sindicato se deu, entretanto, para protestar contra a rotatividade elevada no emprego nas fábricas da região:"É fundamental a implantação de mecanismos de diálogo social que favoreçam a implementação de medidas voluntárias para reduzir a rotatividade de trabalhadores na indústria química. No 1º bimestre de 2016, um trabalhador admitido no setor químico no ABC tinha uma remuneração de em média 78% da remuneração recebida pelo trabalhador desligado, segundo dados do Ministério do Trabalho. A elevada rotatividade observada no setor químico prejudica a produtividade, a inovação e trava o desenvolvimento."

Um grande diferencial da região é a qualificação da sua força de trabalho, qualificação que pode ser adquirida formalmente ou com a experiência do trabalho. Neste contexto atual em que tudo se torna obsoleto rapidamente é fundamental valorizar e incentivar a qualificação do trabalhador. Desenvolver e aperfeiçoar a formação e qualificação profissional, considerando a realidade dos trabalhadores químicos, é essencial para a sustentação do desenvolvimento na região. Em março de 2016 foi lançado o “Guia da Educação Profissional e Tecnológica do grande ABC”, resultante de um amplo debate regional, que apresenta informações sobre os cursos disponíveis. No entanto, a qualificação profissional será valorizada pelas empresas? Os cursos atendem à demanda da indústria local?

Desta forma, apesar da crise internacional e política, o Brasil possui plenas condições de promover o desenvolvimento econômico e social, devido a capacidade produtiva e qualificação dos trabalhadores e a disponibilidade de capital e de recursos naturais.

Em resumo, concluiu Raimundo: "Há espaço para crescimento da produção interna e geração de empregos em grande escala; é necessário aumentar a produtividade e isso se faz também com melhor qualificação profissional. Para que isso ocorra é necessário reduzir a rotatividade nos postos de trabalho, é preciso coibir a demissão que busca apenas reduzir salários na hora de recontratar. E é necessário encontrar uma solução viável e definitiva para o desenvolvimento da Solvay Indupa integrada à cadeia de produção regional, ampliando a produção e gerando mais empregos diretos e indiretos. Sou otimista a respeito de nossas capacidades de enfrentar a crise não com recessão e desemprego, mas com investimentos e inovação, com empregos de qualidade, bem remunerados e protegidos contra a demissão imotivada".