Voltar
10 de Maio de 2021

Problemas de saúde mental se agravam na pandemia e têm custo trilionário


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Diversas pesquisas divulgadas recentemente mostram que os problemas de saúde mental estão se agravando durante a pandemia em decorrência do medo do desemprego e das longas jornadas daqueles que estão à disposição do patrão, seja nas fábricas ou em casa (home office). E aí vem o governo novamente com a Medida Provisória 1046/21, reduzindo salários, com complementação inferior ao salário real dos trabalhadores, gerando mais sofrimento mental entre os trabalhadores.

Resultados de pesquisas sobre saúde mental

A situação de saúde mental se agrava tanto entre setores gerenciais nos locais de trabalho, e principalmente entre aquelas pessoas de ocupações médias e de chão de fábrica.  

O maior problema destacado é o BURNOUT ( ansiedade, depressão e esgotamento no trabalho).  Várias consultorias ligadas à administração de empresas constatam isso, conforme noticiado pelo Valor Econômico no último dia 07/05.

Mulheres sofrem mais

A FDC/Talenses no final de abril de 2021 constatou que mulheres, jovens e profissionais de médio escalão integram a classe de trabalhadores que mais sofreram com as incertezas trazidas pela pandemia.

As mulheres sofrem em dobro em relação aos homens ( 25,1% ante 13,1).  Na pesquisa 64% souberam que colegas pediram demissão por não aguentar as pressões do trabalho no contexto da pandemia.  

As jornadas aumentaram, com dupla e tripla jornada, principalmente para as mulheres. Muitos gestores se perderam na organização de tarefas e passaram a acumular mais trabalho e a colocar mais pressão nos subordinados. O trabalho excessivo fez a maioria perder o foco de suas tarefas e a criatividade gerando mais problemas mentais.

Analistas e especialistas tiveram muito prejuízo em sua saúde mental durante a pandemia, segundo a Fundação D. Cabral. 

A saúde mental entre os profissionais de Saúde tem se agravado ainda mais, conforme pesquisas da Fundação Getúlio Vargas, Escola de Saúde Pública do CE e Fiocruz, com a OPAS ( Organização Pan-americana de Saúde).

Durante a pandemia 80,2% dos profissionais do SUS tiveram sua saúde mental abalada e principalmente relataram ter medo de se infectar e de infectar os familiares. Nestas pesquisas foi constatado que as mulheres no setor de saúde foram as que mais sofreram, com tristeza, estresse e cansaço devido a exaustão, que leva ao esgotamento físico e mental.

Na pesquisa realizada pela Fetquim/UNB, com 10 casos de infectados na área química e de petróleo,  durante a primeira onda da pandemia entre maio de junho do ano passado, foi constatado também entre químicos e petroleiros o medo, a depressão e a preocupação dos mesmos em infectarem suas famílias. Leia aqui. 

Saúde mental  traz prejuízo trilionário para a economia mundial

O prejuízo em decorrência dos problemas mentais entre trabalhadores e a população geral é trilionário no mundo todo. Segundo  a Organização Mundial da Saúde (OMS), este prejuízo é calculado em 1 trilhão de dólares (5 trilhões de reais), com afastamentos, doenças, tratamentos e prejuízos de modo geral.  A própria Previdência Social brasileira afirmou que de 2019 para 2020  houve um crescimento de mais de 25% por afastamentos de transtornos mentais, atingindo principalmente jovens entre 21 e 30 anos. Entre os segurados em geral, que são a metade da força de trabalho brasileira,  houve  516 mil  pedidos  de benefícios para afastamento devido os problemas de saúde mental. 

A categoria química e a saúde mental 

Para Airton Cano, coordenador político da Fetquim-CUT, a questão de saúde mental requer mais negociações junto às empresas para que diminuam as pressões sobre os trabalhadores e o ambiente de trabalho tenha a proteção adequada para que sejam observados todos os protocolos quer seja de proteção física, química e biológica ( caso da covid) para todos os trabalhadores.

"Devemos garantir de fato a qualidade de vida no ambiente laboral para que a saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras seja preservada sempre. Sem trabalhadores protegidos e bem remunerados não teremos saúde mental adequada, e neste momento a Vacinação é prioritária”, define Cano.

Para a assessoria de Saúde, Trabalho e Previdência, é fundamental que tenhamos a continuidade de discussão junto ao governo federal da necessidade de termos uma Norma Regulamentadora (NR) que dê proteção aos problemas psicossociais que trabalhadores sofrem no dia a dia nos locais de trabalho e também no home office. Necessário também, principalmente nas grandes e médias empresas, que exista um serviço de atenção psicológica a todos os trabalhadores, além  da atenção psicológica  deve se ampliar em todo o  SUS. 

André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, afirma  que “ no momento as pessoas e os trabalhadores químicos  estão preocupadíssimos e isso afeta principalmente sua saúde mental". "As pessoas não veem uma luz no final de túnel, pois as mortes não se reduzem e estamos numa média superior a duas mil mortes por dia. Aí todos estão preocupados com o desemprego, com as dívidas que têm e sofrem com a depressão. As pessoas ficam desesperadas frente ao desgoverno do Bolsonaro que  agrava a crise não mostrando soluções. Com um discurso xenofóbico contra a China produtora da vacina, Bolsonaro faz esse ataque  para agradar seu eleitorado, com mais fake news, gerando uma confusão mental enorme (paranoia), ampliando o sofrimento da população. E aí com essa situação as pessoas não veem o fim da pandemia, o desemprego aumentando, e além de tudo não ter vacina. Só nos libertaremos disso e veremos a luz no final do túnel, se tirarmos de fato o Governo Bolsonaro em 2022.”

Fonte: Direção da Fetquim; Assessoria de Saúde e Previdência Fetquim, Valor Econômico (07.05).