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23 de Fevereiro de 2020

Petroleiros: reação à mudança de turno autoritária


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Os petroleiros realizaram sem dúvidas uma das maiores greves da Petrobrás nestes últimos 25 anos, o que envolveu mais de 20 mil trabalhadores em 118 unidades de produção, extração e refino de petróleo. A greve teve como um dos pontos centrais a resistência à privatização do patrimônio de todos os brasileiros, a luta por preços justos dos derivados de petróleo ao povo e pelo desenvolvimento nacional. Continua  a luta contra demissões arbitrárias, o fechamento da Fafen do Paraná e a privatização de refinarias. A greve teve como uma das determinantes essenciais do movimento a reação forte e unitária dos petroleiros contra a atitude neoliberal autoritária e fascista da gestão Castello Branco em alterar por imposição a tabela de turno, contrariando o artigo 7º da Constituição Federal. 

​Auzélio Alves, diretor do Sindicato dos Petroleiros de Mauá, ao falar dos resultados da greve, recorda que a imposição autoritária da nova jornada de 3x2 foi recebida de forma “odiosa” e a reação dos trabalhadores foi dada pela “grande adesão das bases operacionais na greve, em relação às folgas”. 

As tabelas na Unidade de Mauá-SP sempre previram folgas seguidas de 4 a 6 dias e de repente a atitude arbitrária da Petrobrás em mudar a tabela, com redução de 50% de dias seguidos de folga, impôs uma reviravolta que mexeu com a rotina, promovendo maior exposição a produtos químicos, comprometendo compromissos de família com educação e lazer, entre outros.

​Itamar Sanches, diretor do Sindicato de Paulínea- SP, e secretário geral da CNQ, também reforça que o fator determinante da greve foi a imposição da nova jornada de turno com menos folgas.

Segundo Itamar, a grande vantagem dos petroleiros, até então, foram as folgas grandes que em muitos casos coincidiam com finais de semana, variando entre 4 e 6 dias também. 

​Pesquisa em curso da FETQUIM, com a Universidade de Brasília, em dados preliminares, junto a trabalhadores do ABC, Campinas e Jundiaí,mostra que os trabalhadores prezam por jornadas de turno com  folgas maiores, como o caso da quinta turma. 

Airton Cano, coordenador da Fetquim que expressou pela direção da Fetquim em diversos momentos solidariedade à greve dos petroleiros, considera que a pesquisa em curso sobre turno reforçará também a mobilização dos trabalhadores químicos e petroquímicos para não perderem as atuais vantagens que as tabelas com mais folga hoje permitem. Caso contrário há o aumento de problemas psíquicos, físicos, familiares e sociais. 

​A mobilização dos petroleiros segue. A acordo no TST em Brasília, no último dia 21 de fevereiro, resultado da força dessa grande greve, entre diversos pontos acordados com a Petrobrás e TST, cancelou suspensões  por motivo da greve. Reduziu em 95% a multa anteriormente imposta pelo TST. Revogou principalmente a mudança imposta de turno aos petroleiros da tabela 3X2, e consultará ostrabalhadores e sindicatos de petróleo por unidade para que prevaleçam tabelas com um número maior de folgas.