A primeira rodada de negociação salarial do setor químico, realizada na manhã desta sexta-feira (20) na sede do Sindicato dos Químicos de SP, foi marcada por boa vontade entre patrões e empregados. Diante da famigerada reforma trabalhista que entra em vigor no próximo dia 11 de novembro, a bancada patronal (representada pelo grupo CEAG-10 da Fiesp) propôs que a convenção coletiva da categoria (cláusulas sociais) seja prorrogada por um ano e que seja criada uma comissão bipartite para, ao longo de 2018, discutir com mais profundidade os efeitos da reforma trabalhista.
A Fetquim havia pedido a renovação da convenção coletiva (nas cláusulas sociais), por dois anos. No próximo dia 27 de outubro haverá a 2ª rodada de negociação com a patronal, onde ocorrerá a discussão das cláusulas econômicas.
Próximos passos
Uma comissão formada por representantes dos trabalhadores e das empresas começará a se reunir formalmente a partir de fevereiro de 2018. "Seriam necessárias mais dez ou 12 rodadas de negociação para implementar a reforma trabalhista, portanto, decidimos postergar por mais um ano a vigência da convenção conforme sinalizamos para vocês", afirmou José Roberto Squinello, representante do CEAG-10 da FIESP.
Aiton Cano, coordenador político da Fetquim, destacou que a resposta patronal da importância da discussão da reforma trabalhista contempla a preocupação dos químicos. "Nós aceitamos a proposta de fazer a discussão até porque isso significa que vocês não vão fazer as mesmas alterações propostas na reforma trabalhista", disse dirigindo-se a Squinello.
Oswaldo da Silva Bezerra, o Pipoka do Sindicato dos Químicos de SP, reconheceu a cultura negocial nas relações entre os trabalhadores e trabalhadoras do ramo químico, mas lembrou que "a reforma trabalhista pode criar um ambiente de barbárie". "Num ambiente evoluído talvez nem se precisasse de convenção nem de CLT, mas elas só existem porque existem desrespeitos aos direitos", disse quebrando a onda de harmonia plena que o patronato tentou transparecer.
Squinello mencionou estudo da Associação Nacional dos Magistrados (Anamatra) sobre pontos da reforma trabalhista que serão passíveis de discussão na Justiça, algo que o patronato tenta evitar a todo o custo. Leia mais sobre o que o patronato pensa aqui.
Nilza Pereira de Almeida, dos Químicos Unificados, ressaltou que espera a mesma boa vontade do patronato nas demandas por empresa. "Vamos precisar do mesmo amadurecimento daqui nos acordos locais e quando houver alguma colocação de mais resistência da nosso lado esperamos que os patronais não entendam como negativo", afirmou.
Cabral, do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos, avisou que haverá resistência para que haja a manutenção dos direitos conquistados pela categoria há anos.
Não foram discutidas as pautas reivindicatórias, nem a da bancada trabalhista e nem a patronal, mas Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, aproveitou a oportunidade para pedir que a patronal preste atenção ao pedido desta campanha salarial para que a convenção coletivaz da categoria contenha a proibição de grávidas trabalhando em local insalubre. "Sabemos que há empresas químicas que respeitam mas também que há empresas que não respeitam e gostaríamos de construir esse entendimento", pontuou.