Milhares de pessoas ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (3/06), para participar da 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT que teve como tema "Poder para LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz!". O evento deste ano foi marcado por seu caráter político, por uma homenagem à Marielle Franco e por uma ampla conscientização sobre as eleições deste ano.
Na concentração da marcha, a multidão griatava "Fora Temer".
Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março deste ano, participou da abertura da Parada, ao lado da Drag Queen Tchaka, que comandou o principal trio elétrico do evento. Emocionada, Mônica reforçou o legado e atuação política de Marielle na defesa dos direitos humanos.
"A gente não pode mais admitir que as nossas vidas sejam ceifadas da maneira que são. Marielle era uma mulher negra, favelada, lésbica, que foi assassinada, sobretudo, porque carregava no corpo todas as pautas que defendia, todas as bandeiras dos direitos humanos", enfatizou Mônica, aplaudida por centenas de vozes emocionadas que repetiam: "Marielle, presente!".
Segundo o dossiê "A carne mais barata do mercado", lançado no início deste ano, uma pessoa trans é assassinada a cada 48 horas. Nos seis primeiros meses de 2018, o país já contabiliza 71 assassinatos.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) lembrou que a violação aos direitos cresceu no governo Temer e é preciso que a resposta ao retrocesso venha das ruas. "Não poderíamos deixar de dar uma demonstração de força, que é o que o movimento LGBT está dando aqui. É um momento em que o preconceito e o ódio se transforma em violência nesse governo conservador do Temer. É um retrocesso o que estamos assistindo".
Representatividade
O evento teve também a participação de parlamentares do PT e PV, além de diversos movimentos organizados. Com faixas explicando "Crianças LGBTs existem", o coletivo Mães pela Diversidade, que desenvolve um trabalho de apoio a outros jovens que foram expulsos de casa pelos pais devido sua orientação sexual, também passaram seu recado.
Voto LGBT
Silvia Cavalleiro, mulher trans e vice-presidenta da União Nacional LGBT (UNA), destaca que a representatividade importa muito na hora de escolher o candidato e o tema da Parada dá esse recado para a sociedade brasileira. "Nós queremos também dialogar sobre políticas públicas, políticas sociais, sobre acesso à educação, saúde e segurança pública. Porque nós também exercemos nossa cidadania, nossos deveres, o mínimo que nós devemos ter são direitos iguais e garantidos", disse..
Mais que impulsionar a participação LGBT na política, a dirigente reforçou que é urgente analisar os candidatos com cuidado. "Nós temos que visibilizar as candidatas e candidatos que dão apoio às nossas pautas, como Manuela D'ávila, o ex-presidente Lula, como Guilherme Boulos e Ciro Gomes".
Organizado pela Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros de São Paulo (APOGLBT), o evento teve grandes nomes entre suas principais atrações como Pabllo Vittar, Preta Gil, Anitta, Lia Clark, April Carrión (de RuPaul’s Drag Race) e Mulher Pepita.
Dezoito trios elétricos saíram da Avenida Paulista, passando pela Rua da Consolação e encerraram evento no Vale do Anhangabaú, com shows do Banana Split, Fíakra e Jade Baraldo.