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09 de Julho de 2013

Para presidente eleita da CNQ, movimento sindical deve investir no diálogo com a juventude


Por Assessoria

O VII Congresso da CNQ-CUT, com 340 delegados, realizado de 2 a 4 de julho em Campinas, aconteceu durante o clima de manifestações em que se encontra o Brasil, aprovando um Plano de Lutas e Ações a ser implementado pela nova diretoria.

A nova direção conta com 40 lideranças do ramo químico, tendo à frente, Lucineide Varjão (Químicos de São Paulo), que assume a presidência da Confederação.

Após importantes debates sobre temas da categoria e conjuntura, que contou com presenças como João Pedro Stédile (MST) e Wagner Freitas de Moraes (CUT), a chapa unitária construída no congresso foi apresentada por João Antônio de Moraes, Coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros); Aurélio Medeiros, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado do Rio de Janeiro; e Raimundo Suzart, Coordenador Político da Fetquim CUT (Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico).

Leia a seguir a entrevista com Lucineide Varjão. 

Quais são os principais desafios para a categoria no próximo período?

Lucineide – Um dos principais, sem dúvida, é compreender e atuar nesse período que estamos vivendo agora. Agora, mais especificamente para o ramo, a próxima gestão tem o grande desafio de construir acordos coletivos nacionais, organizar os trabalhadores no local de trabalho, formar os novos dirigentes.

Nós também precisamos trazer os sindicatos mais para perto e para a vida da CNQ, e vice-versa. No último período, dos 80 sindicatos filiados e das cinco federações, nós conseguimos visitar vinte sindicatos e três federações.

Nesse momento a que você se refere, marcado por manifestações, nós verificamos que o movimento sindical passou um longo período envolvido com seus temas específicos, e o maior protagonismo vem sendo de jovens que, em geral, não se referenciam em organizações como os sindicatos. A CNQ pretende ter política para isso?

Lucineide – Essa juventude que está nas ruas, em algum momento irá ser representada por uma entidade como sindicato ou comissão de fábrica. Então eu acredito que essa política de formação, de capacitação para que as pessoas entendam o papel do movimento sindical tem que chegar até essa juventude.

E esse momento é importante, pois não tem melhor formação do que a rua, e é fundamental que o movimento sindical perceba essa importância de se abrir mais para a juventude.

Qual a pauta da categoria para esse momento de mobilização?

Lucineide – Fim da terceirização. Isso no ramo químico preocupa muito, pois o trabalho é totalmente precarizado. A questão da jornada de trabalho, para a gente possa ter mais tempo para nós, para viver, e a questão do fim do fator previdenciário. São três bandeiras que a CNQ estará preparada para defender nos atos que virão pela frente. Inclusive para que a juventude perceba que nós temos preocupação com o futuro.

Apesar do ramo ter um percentual maior de homens, a coordenação foi assumida por uma mulher. Isso pode servir como uma referência positiva para o conjunto do movimento do ponto de vista da ocupação dos espaços políticos

Lucineide - Eu quero voltar um pouco no tempo. Talvez as pessoas não tenham percebido a importância da eleição de uma mulher para a presidência da república. Isso influenciou muitas mulheres a repensar o seu papel na sociedade. Se conseguimos eleger uma mulher presidenta, por que não podemos estar lá no sindicato, na associação de moradores,  por que não podemos contribuir?

A eleição de uma mulher para a presidência da CNQ significa muito, pois é você ser reconhecida como dirigente de um ramo que tem muitos segmentos que em sua maioria são de homens. As mulheres no setor de minério são 16%, no setor de petróleo é 14%, no papel acho que chega a 17%.

Isso é muito difícil, mas foi uma construção inclusive de outras mulheres que passaram pela CNQ, como a companheira Nilza (atual dirigente da Fetquim), a companheira Lúcia e a companheira Simone. Agora o resultado está aí.