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23 de Abril de 2014

Para diretor técnico do DIEESE, trabalhadores precisam disputar a agenda política e econômica


Por Assessoria

O seminário de planejamento da Fetquim que teve início nesta quarta-feira, 23, contou com uma importante análise de conjuntura de Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do DIEESE, que apresentou à nova direção da entidade aquele que entende ser o maior desafio para os trabalhadores brasileiros: disputar na sociedade uma agenda que sustente o crescimento econômico.  

Clemente destacou os elementos que contribuíram para esse crescimento nos últimos dez anos. Por um lado, a alta demanda mundial pelas commodities, com peso nos alimentos e minérios, alavancou o Brasil. Isso aumentou imensamente as reservas do país, diminuindo a vulnerabilidade externa, a exemplo da crise de 2008.

Por outro lado, houve a implementação de um conjunto de ações visando promover geração de emprego e renda - programas sociais, valorização do salário mínimo, além do estímulo ao crédito e o investimento em infraestrutura.  “Estão sendo feitos 13 mil quilômetros de ferrovias, e o investimento em mobilidade urbana está na ordem de R$ 130 milhões”, afirmou.

Mas como avançar? Para o diretor Técnico do DIEESE, nossa única alternativa para continuar crescendo é continuar melhorando as condições de quem já está incluído e dar acesso às parcelas que ainda não atingiram os direitos proporcionados pelo crescimento dos últimos dez anos. “O Brasil não precisa e não pode ter um crescimento com taxas chinesas. A nossa economia e o planeta não comportam. Mais importante é o crescimento com taxas continuadas.”

Entre os problemas a serem superados, Clemente destacou o estímulo à produção nacional. “Hoje o Brasil exporta minério, mas importa o trilho de trem, que poderia ser feito aqui”, disse.

O maior destaque, no entanto, ele deu à importância de fortalecer o papel organizador e mobilizador do movimento sindical que, em sua opinião, é ainda insuficiente para esta conjuntura.  O diretor técnico do DIEESE afirmou a necessidade de ampliação da participação dos trabalhadores nos fóruns e espaços de decisão política. Mas alertou: “não basta colocar um representante lá e não fazer a disputa. Por isso, precisamos de muita organização, luta e unidade dos trabalhadores.” Para Clemente, a valorização do salário mínimo é um exemplo positivo de como atuar.  O fato das centrais sindicais terem adotado essa pauta de forma unificada e terem feito a pressão sobre o governo influenciou significativamente na implementação de uma política que fez com que o salário mínimo crescesse 70% acima da inflação desde 2002, passando de 70 para 300 dólares.

O seminário de planejamento da Fetquim segue nesta quinta-feira. Entre os temas debatidos estão o plano de ações e de lutas, as campanhas salariais e o plano de trabalho das secretarias da entidade.