De olho nas eleições, o governo tem tomado ações para controlar os preços artificialmente e se manter no poder, mas há que se lembrar: a inflação que as pessoas sentem no bolso é bem maior que o índice oficial.
Os combustíveis subiram 15% nos últimos 12 meses. Os remédios ficaram em média 16% mais caros. A inflação de alimentos, situada em 12% (5 pontos percentuais acima da inflação geral), afeta a todos, mas principalmente as famílias de menor renda.
A inflação total acumulada no governo Bolsonaro já ultrapassa os 26%. O preço da gasolina, diesel e álcool têm sido o principal fator e impacta diretamente a alimentação.
Em um movimento claramente eleitoreiro, Bolsonaro estipulou um teto máximo de cobrança do ICMS nos Estados, um truque momentâneo que teve impacto direto na diminuição dos preços da gasolina (e momentaneamente da inflação) e da conta de luz, de forma artificial, mas já se sabe que no médio e longo prazo os preços dos combustíveis e alimentos vão subir.
Os índices oficiais de inflação estão baixando porque são calculados a partir de uma média de diversos produtos. Muitos deles entram menos nos cálculos porque simplesmente deixaram de ser consumidos por falta de renda, como a carne. Surpreende que o Brasil seja o maior produtor de proteína animal do mundo e não consiga oferecer carne e derivados com preços razoáveis ao seu povo.
Nos supermercados, vemos produtos sendo “maquiados” e substituídos por outros parecidos, de conteúdo inferior ou peso menor. É o caso da troca do leite pelo soro de leite, do iogurte que virou mistura láctea e de pacotes de 1 kg que viraram 900g.
Um país que alimenta com sua produção agrícola cerca de 1 bilhão de pessoas no mercado internacional ainda tem de conviver com 33 milhões de pessoas passando fome, um aumento de 63% nos índices de fome desde 2004 (fonte: Rede Penssan).
Bolsonaro tem tomado outras ações eleitoreiras. A aprovação do aumento do Auxílio Brasil, vale-gás, voucher-caminhoneiro e auxílio taxista a 90 dias da eleição iniciaram a “força tarefa eleitoral”, uma clara compra de votos descarada e institucionalizada. No total, foram gastos R$41,25 bilhões nessas ações.
Se somarmos a perda de arrecadação dos governos estaduais, pela manobra do teto de ICMS aos combustíveis para baixar a inflação momentaneamente, veremos que os recursos do Estado gastos excepcionalmente já ultrapassam a cifra de R$100 bilhões.
Campanha Salarial dos Químicos 2022
A reposição da inflação e a garantia de todos os direitos da Convenção Coletiva para o setor Químico neste ano de 2022 já estão garantidas. Como havia incerteza sobre se a pandemia iria continuar, a FETQUIM negociou previamente, no ano passado, a mesma condição para este ano.
Sendo assim, os trabalhadores do setor químico receberão em 1º de novembro a inflação acumulada para a data-base, mas não podemos nos esquecer: a inflação que as pessoas sentem no bolso é bem maior que o índice oficial. Isso acontece porque há certos produtos que pesam mais para as famílias que ganham menos.
No momento, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado está em 7,19%. Essa diminuição da inflação falsa, forçada, vai prejudicar todos e todas que têm data base agora no final do ano, porque, como dissemos, em breve o combustível e os alimentos irão subir de preço e vai faltar salário para comprar a cesta básica.